Ambiente: Igrejas querem «novo modelo económico» com implicações nas «opções de cada pessoa e família» (c/vídeo)

Responsáveis abrem espaço para «reinterpretação dos textos bíblicos» e falam de desafio «cultural» e «espiritual» que requer «diálogo»

Lisboa, 14 set 2021 (Ecclesia) – D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana, afirmou a necessidade de um “novo modelo económico de desenvolvimento” e “novos estilos de vida”, uma mudança que deve impactar “as opções de cada pessoa e família”.

“Esse é o grande desafio que nos é colocado: Nós percebermos que aquilo que chamamos a nossa qualidade de vida, o nosso conforto e bem-estar material, não pode continuar a ser assumido da mesma forma, como até aqui”, explica à Agência ECCLESIA o responsável que assinou em junho passado o memorando «Eco Igrejas Portugal».

O memorando que tem como objetivo a promoção da ética da sustentabilidade, contida em princípios ecoteológicos, e a aplicação nas diferentes Igrejas e comunidades cristãs de indicadores de diagnóstico, educação e gestão ambiental, para uma melhoria contínua da sustentabilidade ecológica, foi assinado pelas Igrejas cristãs em Portugal.

D. Armando Esteves Domingues sublinha o desafio “espiritual” e de “diálogo” subjacente à assinatura do «Eco Igrejas Portugal», mas também à mudança de estilos de vida, que devem dar a conhecer “o modelo do homem que é Jesus Cristo”.

“É interessante perceber que nas estatísticas atuais, quando se fala da crença em Deus ou da vivência da religião ou pertença a uma Igreja, há um campo do inconsciente espiritual que leva a que tantos que não pertençam a uma Igreja ou a uma religião, encontrem no estilo de Jesus o modelo que a humanidade precisa”, indica.

O responsável pela Comissão Missão e Nova Evangelização da Igreja católica recorda os “gestos e as palavras” do Papa Francisco.

“Podem muitos não se identificar com as religiões, e com a religião católica, mas com os gestos e abraços. Com o Papa Francisco é preciso ler a palavra e o gesto. É este estilo de Jesus Cristo que a humanidade precisa”, destaca.

O bispo auxiliar do Porto reconhece que o “diálogo” necessário, que “todos são chamados a ter com o mundo e com outras religiões”, implica uma escuta ativa e representa um “desafio cultural”.

“No âmbito da ecoteologia é importante dar conta que há um desafio cultural, de valores. Se o homem não perceber os princípios éticos de base essenciais, então não chegaremos lá”, sustenta.

D. Jorge Pina Cabral fala na importância de reinterpretar os textos bíblicos e de “saber propô-los ao povo de Deus”.

“Muito do pecado que tem ocorrido, decorreu de falsas interpretações bíblicas, e foram até promovidas pelas próprias igrejas. Temos de estar conscientes que importa uma reinterpretação bíblico-teológica, e até cosmológica, que implica diversos saberes, diversas tradições cristãs, implica uma nova reflexão e até uma nova leitura dos textos bíblicos. Temos que fazer essa releitura e, ao mesmo tempo, saber propô-la ao povo de Deus”, indica.

D. Armando Esteves Domingues pede que as “boas práticas possam ser partilhadas”.

“Se olharmos o mundo nunca houve tanta gente tão encantada pelo Evangelho. Um dos objetivos do «Eco Igrejas Portugal» é partilhar as boas práticas. A árvore que cai faz mais barulho do que as muitas que crescem. Isso deve animar-nos”, sinalizou.

As «Conversas na Ecclesia» desta semana juntam D. Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana, e D. Armando Esteves, da Igreja católica, que olham para o memorando «Eco Igrejas Portugal», e refletem sobre os desafios que este compromisso ecuménico lança na pastoral.

LS

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