Algarve: Padre responsável pela Pastoral do Turismo sublinha contrastes culturais e religiosos da região

Junto à praia «acorda-se tarde, porque as noites são grandes», enquanto que na serra «acorda-se cedo, porque é pela fresca que se trabalha no campo»

Faro, 26 jun 2012 (Ecclesia) – O padre que coordena a Pastoral do Turismo da Diocese do Algarve elogia os contrastes culturais de uma região que vive a dois tempos, entre a agitação do litoral e o silêncio do interior.

Junto à praia “acorda-se tarde, porque as noites são grandes e divertidas”, enquanto que na serra “acorda-se cedo, porque é pela fresca que se trabalha no campo, na tiragem da cortiça, na apanha da amêndoa, do figo ou da mítica alfarroba”, escreve o padre Miguel Neto na edição de hoje do Semanário Agência ECCLESIA.

O sacerdote, que também dirige o setor das comunicações sociais da diocese, lembra a atividade dos pescadores, “que passam noites inteiras ‘ao de cima d’água’, longe das suas famílias, mas sempre com elas no pensamento”.

A faina “é o trabalho mais ingrato que existe”: “Poucos imaginam o que custa ‘andar embarcado’, passando noites sem dormir, sentindo que o fruto do seu trabalho é frequentemente desvalorizado, apesar de chegar ao mercado, aos restaurantes e às nossas casas a altos preços”, sublinha.

As “festas religiosas, populares e comunitárias” marcam os habitantes das serranias e daqueles “que sobem do litoral à terra mãe” para reviver a identidade do lugar onde nasceram”.

“Quem é da serra e vive a serra fá-lo por gosto, porque é ali que estão as suas raízes e, em muitos casos, é para ali que pensa regressar quando tiver acabado o período de exílio lá em baixo, no Algarve dos turistas”, assinala.

A dimensão religiosa está também presente nos pescadores: “Para muitos – aqueles que a sentem e a vivem e viveram por dentro –, essa fé é a certeza da proteção divina, indiferente às múltiplas conceções teológicas, que muitas vezes nos separam de Deus e da simplicidade do Seu Amor”.

O artigo publicado no dossier do Semanário, dedicado à Diocese do Algarve, nota igualmente as diferenças nos festejos entre o litoral e o interior, com a celebração na serra a ser, segundo o padre Miguel Neto, “algo exclusivamente comunitário e involuntariamente intimista”.

As festas dos pescadores, por seu lado, estão a ganhar “um caráter globalizante no que toca aos festejos mais profanos, com gente de todo o lado a apreciar aquilo que é próprio da gastronomia e dos divertimentos marítimos, como os tradicionais jogos de mar”.

“Ainda assim, na maioria dos casos, a parte da festa mais dedicada à vivência cristã da vida marítima continua a ter um caráter mais local e comunitário, embora com gente de todo o lado a olhar de fora, por exemplo, as tradicionais procissões junto do mar”, acrescenta.

O responsável conclui o artigo referindo-se ao Algarve como uma região de “contrastes” que oferece “a amabilidade das suas gentes, a riqueza da sua terra e do seu mar, o calor do seu sol, a tranquilidade e o descanso, que a serra e o mar proporcionam em medidas distintas”.

RJM

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