Agosto é mês das festas religiosas na Madeira

O mês de Agosto é marcado, na Madeira, pelo elevado o número de festividades religiosas que se multiplicam ao longo da Ilha, a maioria em louvor de Nossa Senhora, sob diversas invocações, e ao Santíssimo Sacramento. A religiosidade popular é um facto que acompanha a vida da Igreja e que a acompanhou durante todos os séculos. Trata-se de expressões, gestos, atitudes, que expressam uma relação pessoal com Deus: beija-se a cruz, percorre-se a Via Sacra, participa-se numa peregrinação, ajoelha-se diante do túmulo de um mártir ou um santo, conservam-se restos do seu corpo ou dos seus vestidos. No caso português é esta religiosidade que, sob uma aparente unidade enraizada no catolicismo, manifesta mais fielmente a pluralidade da sociedade portuguesa na vivência do sagrado. Como Pinharanda Gomes explicava recentemente à Agência ECCLESIA tudo isto é feito “em religioso sincretismo”: o arraial, os foguetes, o bazar, a quermesse, os festões, as bandeiras, as flores pelas ruas, os tapetes de pétalas, a procissão, as colgaduras nas janelas e nas sacada. A banda de música, e o andor ou os andores, os santinhos felizes, vê-se que sorridentes, nos floridos tronos em que os põem para a viagem processional (triunfo, saída em glória) – os andores. Amúsica e, também, esses barulhentos pum-puns dos conjuntos, pela noite fora, animando outro segmento de comunidade. Onde vais? – À festa. De onde vens? – Da festa. Pelo contraste do som de voz se entende o enigma do júbilo e do retorno ao quotidiano. “A religiosidade popular é um campo expectante. Precisa, não de interditos, mas de catequeses. Não se pode proibir um povo de adornar uma imagem com notas de banco”, escrevia este especialista. Sem parar O jornalista Sílvio Mendes apresenta, na edição de hoje do “Jornal da Madeira”, o mapa das festas e celebrações madeirenses. “No próximo Domingo inicia-se o mês de Agosto que, na Diocese do Funchal, se caracteriza pela celebração de muitas festas religiosas, sendo a mais significativa a de Nossa Senhora do Monte, a 15 de Agosto, dia em que a Igreja celebra a solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria. Nesse dia também se realizam as festas em louvor das padroeiras da Serra de Água (Nossa Senhora da Ajuda), Porto da Cruz (Nossa Senhora de Guadalupe), Estreito de Câmara de Lobos e Estreito da Calheta Nossa Senhora da Graça). Nossa Senhora do Monte é assinalada na sua paróquia, no Funchal, na paróquia de Cristo Rei (Ponta do Sol) e na capela dos Lamaceiros (Porto Moniz) Na capela de Nossa Senhora da Graça, no Porto Santo, é celebrada a festa da respectiva padroeira e na capela da Choupana celebra-se a festa da Asunção de Nossa Senhora. Outra das festas que são muito concorridas são as de Nossa Senhora da Piedade, nos Canhas, no próximo domingo e de Nossa Senhora das Neves, nos Prazeres (no primeiro sábado desse mês). E em todos os domingos de Agosto são celebradas festas religiosas, todas elas complementadas com o arraial, no adro ou arredores da igreja. As festas, duram apenas quarenta e oito horas (com a véspera e o dia), mas, para que isso aconteça há todo um trabalho engenhoso e arte na criação das flores ou dos tapetes para a procissão em particular a do Santíssimo Sacramento ou Domingo do Senhor. Os enfeites, de alegra-campo e loureiro, contrastam com o garrido das flores e o vermelho da Cruz da Ordem de Cristo que flutua nas bandeiras. O progresso trouxe mais luz e o feérico da cor, fazendo-os prolongar pela noite fora. A luz eléctrica, a partir da década de quarenta, veio revolucionar o arraial. No arraial, para além da oferta de um variado conjunto de barracas de comes e bebes, onde pontua a espetada, temos a feira para venda dos produtos da terra ou de fora. Este é um momento de encontro, devoção e partilha da riqueza arrancada à terra. Em tempos idos o arraial era um momento único em que todos se encontravam irmanados pela devoção ao santo padroeiro. Muitas pessoas que, em férias, dão um útil apoio aos festeiros, sobretudo contribuindo com meios materiais, talvez não hajam recebido da Igreja mais do que o Baptismo ou, no caso de gente casada, além do Baptismo, o Matrimónio. A festa será a única catequese para essa gente e como tal é um importante motivo de encontro fraternal”.

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