África: A diáspora cabo-verdiana que está em Portugal é a que «mais contribuiu» para o desenvolvimento de Cabo Verde

Presidente da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santiago valoriza os investimentos de quem regressa e prepara relatório que inclui os problemas do alcoolismo e criminalidade

Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA a Santiago, Cabo Verde

Foto Agência ECCLESIA/PR, Emanuel Miranda, presidente da Comissão Justiça e Paz de Santiago

Praia, 12 set 2019 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santiago de Cabo Verde disse à Agência ECCLESIA que a diáspora cabo-verdiana que está em Portugal é a que “mais contribuiu” para o desenvolvimento do país.

“Há um fenómeno interessante que está a acontecer: o regresso de segundas e terceiras gerações que querem investir, querem vir como empresários”, afirmou Emanuel Miranda a propósito da comunidade cabo-verdiana que está em Portugal.

Para o presidente da Comissão Justiça e Paz de Santiago o regresso de cabo-verdiano das diáspora “é um contributo enorme” para o país, sobretudo quando “precisa de investimento estrangeiro”.

Cerca de meio milhão de cabo-verdianos habitam as 10 ilhas do arquipélago e um milhão integra as comunidades da diáspora, sendo a maior a que está na América do Norte, que começou a emigrar no século XIX, e depois a que está em Portugal, onde a chegar na década de 70 do século XX.

Emanuel Miranda acrescentou que a diáspora cabo-verdiana “tem contribuído imensamente para o desenvolvimento do país” e para a sua “estabilidade social e económica”, não só com o envio de remessas e apoio para as famílias, mas também “através de quadros” que são formados no exterior e contribuem “com os seus conhecimentos em vários setores de atividade”.

O presidente da Comissão Justiça e Paz de Santiago disse que quem saiu para os EUA foi “com a ideia de ficar e levar as suas famílias”.

“Normalmente quem vai para Portugal vai sempre com a ideia de regressar e um dia trazer tudo o que conseguiu e contribuir para o desenvolvimento” de Cabo Verde, lembrou.

A Comissão Nacional Justiça e Paz foi instituída pelo cardeal D. Arlindo Furtado, bispo de Santiago, em maio de 2018 e tem no seu programa o objetivo de divulgar a Doutrina Social da Igreja e “analisar e propor soluções para as questões sociais relacionadas com a justiça e a paz”.

“Temos como propósito produzir um relatório sobre as situações de justiça e paz em Cabo Verde, incluindo a diáspora cabo-verdiana”, afirmou.

Emanuel Miranda disse que a comissão “não quer ser simplesmente ser mais uma organização a trabalhar estas questões”, mas deseja ser “complementar” às que já estão no terreno, colaborando com a “perspetiva da Doutrina Social da Igreja”.

O alcoolismo e a criminalidade juvenil são duas questões “muito preocupantes” da sociedade cabo-verdiana que vão ser analisados pela Comissão Nacional Justiça e Paz.

“Temos de compreender o que está subjacente às situações que vivemos no país, que infelizmente incluem o alcoolismo e a criminalidade juvenil. São questões muito preocupantes neste momento que carecem de atuação por parte da Igreja”, sublinhou.

O presidente da Comissão Justiça e Paz de Cabo Verde referiu que a Igreja Católica tem de atuar “não só através do trabalho que o clero vem fazendo”, mas também “é preciso que os leigos se juntem às autoridades eclesiásticas” na ajuda à resolução desses “grandes males sociais”.

Emanuel Miranda falou à Agência ECCLESIA sobre o trabalho da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santiago à margem de um encontro de formação para professores de Educação Moral e Religiosa Católica, que está a decorrer na cidade da Praia, por ocasião do início da disciplina nas escolas públicas do país, neste ano letivo.

PR

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