Açores: Bispo preocupado com a pobreza

«Vivemos numa região ultraperiférica que está a lutar pela sua sobrevivência e pelo seu desenvolvimento sustentável», afirmou D. António Sousa Braga

Fátima, Santarém, 07 nov 2011 (Ecclesia) – O bispo de Angra mostrou-se hoje preocupado com o aumento da pobreza nos Açores, em particular nas crianças, jovens e idosos, e afirmou que a solidariedade da Igreja e da população é insuficiente para os pedidos de ajuda.

“Estamos longe dos patamares europeus de desenvolvimento e temos algum nível de pobreza, que se complica um pouco com a austeridade”, declarou D. António Sousa Braga à Agência ECCLESIA.

Muitos idosos “recebem reformas baixas”, o que os obriga a optar entre “diminuírem nos remédios ou na alimentação”, notou o prelado em declarações à margem da assembleia plenária dos bispos de Portugal, que começou esta tarde em Fátima.

O responsável está também apreensivo em relação aos “grupos de crianças e jovens e risco oriundos de famílias desestruturadas”, que passam por carências do “ponto de vista material e educativo” e requerem “grande apoio da Igreja e do Governo”.

“Vivemos numa região ultraperiférica que está a lutar pela sua sobrevivência e pelo seu desenvolvimento sustentável”, referiu o bispo, que quer ver as comunidades cristãs a darem “a primeira resposta” às carências sociais e a “mobilizarem as pessoas para a solidariedade”.

Depois de vincar que os católicos “têm de dar o exemplo na ajuda imediata e na difusão dos princípios da doutrina social da Igreja”, o responsável referiu que “a Caritas e alguns centros sociais paroquiais a funcionar” são incapazes “de ir ao encontro de todas as necessidades”.

A “solidariedade de proximidade” na diocese sediada na Ilha Terceira “não é suficiente”, apontou D. António Braga, que disse serem necessárias “mais iniciativas” de angariação de fundos que respondam às “novas situações de pobreza”, protagonizadas por “pessoas que antes não recorriam aos núcleos da Caritas”.

O  prelado, que em outubro assinou uma nota pastoral intitulada “Igreja missionária e solidária”, espera “que estes momentos de dificuldade sejam uma oportunidade para um salto de qualidade na convivência humana e na vida em sociedade”.

Nas missas referentes ao próximo domingo, dia em que termina a “Semana da Diocese” de Angra, os ofertórios revertem para a Cúria: “Somos uma região pobre” e a “pastoral num território disperso custa muito porque temos de nos deslocar”, justificou o responsável.

“A diocese, com todos os seus serviços, é custeada pelo nosso povo. Desde o início do século XIX todas as paróquias contribuem com 10 por cento das suas entradas ordinárias para os serviços centrais. Como isso não estava a chegar, instituímos este ofertório”, acrescentou.

A Igreja Católica nos Açores quer “conter as despesas”, pelo que decidiu cortar nas deslocações dentro do arquipélago: “Em vez de apostar demasiado nas iniciativas a nível da diocese optámos pela ação pastoral no âmbito de cada ilha”, explicou D. António Braga, que diz desconhecer o valor do défice da Cúria.

RJM

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