«A Igreja deve preocupar-se sempre com a reforma de si mesma», frisa D. António Moiteiro
Cinfães, 30 ago 2018 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro saudou esta quarta-feira a forma determinada como o Papa Francisco está a enfrentar os casos de abusos sexuais dentro da Igreja Católica, e salientou a importância desta atitude encontrar também eco em todos os contextos eclesiais.
“Nós temos de ver o esforço que o Papa está a fazer e continuar a trabalhar para que nunca mais isto se repita nas nossas comunidades e na nossa Igreja”, disse D. António Moiteiro à Agência ECCLESIA em Tendais, no Concelho de Cinfães.
O responsável católico abordou esta questão à margem de uma sessão de homenagem a D. António Francisco dos Santos, antigo bispo do Porto, falecido em 2017, e que era precisamente natural daquela região, da Diocese de Lamego.
A questão dos abusos sexuais cometidos por membros do clero e religiosos esteve em foco na viagem apostólica internacional que o Papa realizou à Irlanda, entre os dias 25 e 26 de agosto.
Uma deslocação em que Francisco pediu perdão por todos os pecados cometidos pela Igreja Católica nesta matéria, na Irlanda e em outros países, quer em termos dos próprios atos cometidos contra menores quer também no encobrimento destes casos.
Em Dublin, o Papa argentino manifestou também o seu empenho na renovação das estruturas eclesiais, e no desenvolvimento de normas que previnam novos casos deste género, ou outras situações de abuso e de inconformidade com o Evangelho e a missão da Igreja.
Para D. António Moiteiro, a visita de Francisco foi “um bálsamo para a Igreja na Irlanda e uma chamada de atenção para os problemas que a Igreja tem e que é preciso resolver e purificar”.
“A Igreja deve preocupar-se sempre com a reforma de si mesma, tornando-se cada vez mais evangélica”, sustentou o bispo de Aveiro.
Presente na cerimónia de homenagem a D. António Francisco dos Santos, que incluiu a inauguração de uma estátua evocativa da memória do antigo bispo do Porto, esteve também o seu sucessor na diocese nortenha, D. Manuel Linda.
Sobre a questão que tem marcado mais a agenda dos media, no que toca à Igreja Católica e ao Papa, o atual bispo do Porto frisou tratar-se de uma questão “dramática” que deve merecer “toda a atenção” por parte dos responsáveis católicos.
Porque estão em causa “crimes”, muitas vezes “camuflados”, mas que representam também atentados à própria essência do que deve ser a Igreja, do que deve ser a sua missão na sociedade.
“Nós não podemos viver de suspeitas. Seja como for temos de ter esta atenção a um setor que de facto é liminarmente rejeitado pela nossa doutrina, absolutamente rejeitado, e que também a sensibilidade ética da humanidade rejeita de uma maneira absolutamente espantosa”, completou D. Manuel Linda.
CB/JCP