«A Fé dos Homens»: «Deveríamos, enquanto comunidade internacional, centrar-nos neste ano na reconstrução da paz» – Cármen Maciel

Emissão conjunta das confissões religiosas evocou aniversário da guerra na Ucrânia

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 02 mar 2023 (Ecclesia) – O padre Peter Stilwell, da Igreja Católica, e Cármen Maciel, da ONGD Adventista ADRA, sublinharam a importância de trabalhar pela paz, na emissão conjunta das Confissões Religiosas na Antena 1, emitida na última madrugada.

“Nós deveríamos, enquanto comunidade internacional, centrar-nos neste ano de 2023 na reconstrução da paz”, afirmou a diretora-executiva da Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência (ADRA), no programa desta quinta-feira, na rádio pública.

Cármen Maciel salientou que existiram várias tentativas “de denominações religiosas” apelando à Rússia para que “ceda”, para que as questões ideológicas e de poder “sejam tratadas de outra forma”, mas “está muito difícil e esta reconstrução pela paz é urgente”.

Na emissão conjunta, dinamizada pela Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas (CTECR) na primeira quinta-feira de cada mês, foi abordado o primeiro ano de conflito na Ucrânia, após a invasão da Rússia a 24 de fevereiro de 2022.

“A Ucrânia não é a única, no Iémen há uma guerra há 10 anos, na Síria também uma guerra civil, os estragos na vida dessas sociedades são coisas imensas; Não há dúvida que aumentando esta espiral das armas não se resolve, não se consegue a paz, conseguem-se mais mortes”, lembrou o padre Peter Stilwell, diretor do Departamento de Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa.

Segundo o sacerdote católico, as sociedades entram em conflitos “por razões que, às vezes, escapam a todos os intervenientes”, que se vão precipitando aos poucos, “vão crescendo e depois explodem”, mas é preciso “pensar para lá do conflito em si”.

“Quanto menos humano e quanto mais violento e agressivo é o conflito e menos respeitador das populações e da sua dignidade mais difícil se torna depois o caminho para paz”, alertou.

Já a diretora executiva da ADRA, doutorada em Sociologia, assinala que enquanto as guerras não terminam, o papel das confissões religiosas “é semear a esperança”, trabalhar junto daqueles que “sobrevivem e precisam de uma mão amiga, precisam de ajuda para restaurar-se”.

Cármen Maciel explicou que na ajuda humanitária encontram “um pouquinho de tudo” e na atual guerra na Ucrânia têm casos de “soldados russos que entrando em contacto com a população ucraniana, na fronteira, choram e humilham-se pelo que está a acontecer”.

Segundo a diretora da Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência – ADRA, ONGD presente em 134 países, quando começou a guerra no leste da Europa “foi fácil poder ativar uma ajuda rápida”, porque já estavam na Ucrânia, na Rússia e em “outros países limítrofes”.

“A ADRA montou tendas gigantes, como vemos no circo, para o apoio aos refugiados. Foi preciso conferir às pessoas o que tinham perdido: Alojamento, alimento, agasalhos, aquecimento, comunicações. E apoiou muito as pessoas também na deslocação, tentarem resgatar o seu dia-a-dia, nas evacuações”, desenvolveu Cármen Maciel.

O padre Peter Stilwell destacou, da parte da Igreja Católica, o apoio da Cáritas, em Portugal, no acolhimento de refugiados, por exemplo, e a nível internacional, e a ação do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS – Jesuit Refugee Service).

“Já o acolhimento a refugiados de outras guerras não é da mesma forma e tenho ouvido algumas pessoas a levantar questões sobre isso: Porque é que não acolhemos pessoas da guerra da Síria, ou do Iémen, ou outras zonas, da mesma forma que acolhemos da Ucrânia”, acrescentou.

CB/OC

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