A cruz escondida

Em La Paz, na Bolívia, os seminaristas são apoiados pela Fundação AIS

O sonho de Javier

Javier não quer ser jogador de futebol, nem famoso. Nem conduzir carros velozes ou vestir roupas de marca. Javier é jovem ainda. Vive apaixonado, não o disfarça, mas não tem namorada. Tem, isso sim, um sonho. E por causa desse sonho, decidiu que queria ser padre…

A Bolívia é um dos países mais pobres do continente americano, apesar de, nos últimos tempos, ter reduzido consideravelmente o número dos que se encontram numa situação de pobreza extrema. A Igreja tem sido, ao longo dos anos, o grande suporte dessas populações, dos deserdados da sorte, dos que são forçados a emigrar, dos que, apesar do trabalho, quando têm trabalho, não conseguem sair da miséria em que sempre viveram. Neste contexto, a missão dos sacerdotes ou das religiosas é particularmente dura. Pobres entre os pobres, padres ou irmãs procuram, por vezes também sem grandes recursos, ajudar os que mais necessitam a terem uma vida com um mínimo de dignidade. Apesar da dureza deste cenário, há quem não se atemorize e imagine a sua vida precisamente como padre em bairros de lata, nas favelas, ou em aldeias mesmo que no meio das serras, onde a civilização demora sempre a chegar… É o caso de Javier, Huáscar, Ramiro e Diego. Os quatro são seminaristas bolivianos em La Paz, a capital do país, e aceitaram falar sobre a razão por que um dia decidiram que queriam servir a Igreja. Huáscar é o mais velho. Será ele, dos quatro, o que mais depressa irá ser ordenado. Esse dia, para ele, será extraordinário. É que Huáscar não esconde que fica aflito só de pensar que há uma enorme falta de padres no mundo. “Há muitas pessoas que procuram Deus, e há muito poucos sacerdotes. As pessoas procuram cada vez mais e não se consegue saciar essa fome de Deus. Então, a certa altura da minha vida, disse a mim próprio: ‘podes fazer algo, podes levar Deus à sua presença’…”

Refeitório dos pobres

Diego fala menos. “Imagino-me a ser pároco, com muita oração, com muitos sacramentos… E com muita proximidade às pessoas.” Tal como Diego, também Ramiro é pouco expansivo. Diz que a sua vocação “é servir”. Isso coloca-o em qualquer lugar, em qualquer paróquia, por mais humilde que possa ser. E muitas paróquias da Bolívia são o retrato de um país onde muitos não têm o suficiente para uma vida digna. É esta Igreja que se transfigura em refeitório para os pobres que estes quatro jovens vão servir. Eles estudam e preparam-se para isso. Javier, Huáscar, Ramiro e Diego são apenas quatro dos 2.461 seminaristas apoiados pela Fundação AIS na América Latina. Dos quatro, Javier é dos que menos fala, mas isso não importa. Ele vive apaixonado e não o disfarça. E tem um sonho e faz questão de falar disso: “A minha vocação é ser santo”. Por isso, por querer ser santo, decidiu que teria de ser sacerdote… Estes quatro amigos estão longe, vivem a milhares de quilómetros de distância, mas a vocação deles, de Javier, Huáscar, Ramiro e Diego, também é nossa. Sem a ajuda dos benfeitores da Fundação AIS em Portugal, e em todos os países do mundo, muitos destes jovens nunca conseguiriam cumprir o sonho das suas vidas. Não iriam para o seminário, nunca seriam ordenados sacerdotes. Rezar por eles, por todos eles é também uma forma concreta de os apoiar na concretização desse sonho maior. Já pensou na possibilidade de adoptar um seminarista através da oração?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt 

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