A crítica de Cinema

Vai longe o tempo em que as revistas de cinema, mais ricas ou mais pobres, concorriam entre si junto de um mercado claramente limitado. Não é possível citar as muitas que se editaram mas, a título de exemplo, lembre-se a pujança e a qualidade da «Filme», dirigida por Luís de Pina, que foi um marco no estudo do cinema no nosso País. Em contraste refira-se a «Celulóide», esforço notável do seu director, Fernando Duarte, que conseguiu manter em Rio Maior uma revista assumidamente modesta mas com grande continuidade e colaborações obtidas junto dos melhores críticos. Nesses mesmos anos 60 a crítica de cinema nos jornais diários era uma componente indispensável. Longe do sistema hoje adoptado – em que há acesso a visionamentos privados – cada um se via forçado a, na própria noite da estreia, enviar a respectiva nota crítica para o jornal, onde tinha espaço reservado para a última hora. Agora a situação é bem diferente. Num mercado organizado os críticos vêem os filmes com uma antecedência de dias, semanas, ou até um mês, mas em compensação não têm revistas da especialidade. Há pequenas secções nos semanários e diários que, quase em esforço, publicam pequenas notas ou um artigo alargado sobre um único filme da semana. De outros tempos deve ser recordado o «BC-Boletim Cinematográfico». Entre Janeiro de 1951 e Dezembro de 1998 fez o registo histórico de todas as longas metragens estreadas em Portugal, primeiro com referência apenas aos dados fundamentais, mais tarde incluindo uma nota crítica mais alargada, mesmo que breve. O fim desta publicação foi em parte colmatado pelo início do «Cinedocfilme» que, embora com acesso apenas na Internet, manteve a continuidade histórica das estreias. Esta nova fonte de informação, com fichas técnicas e análises mais alargadas, já analisou, até à data, perto de 2500 filmes. O acesso às críticas dos últimos seis meses é mantido no site www.cinedoc.pt. Francisco Perestrello

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