Igreja/Portugal: Cardeal-patriarca defende celibato sacerdotal, sem «vida dupla»

D. Manuel Clemente discorda de quem quer «abandonar» ou «abrandar» disciplina atual

Lisboa, 16 nov 2017 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu hoje o celibato dos sacerdotes católicos, rejeitando a possibilidade de “abandonar” ou “abrandar” a disciplina atual.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) respondia, em conferência de imprensa, a várias questões sobre este tema, na sequência de notícias que envolvem o pároco do Monte, na Diocese do Funchal, por este ter alegadamente sido pai de uma criança.

“Tem de se verificar com o sacerdote em causa qual é a situação, qual é a disposição, com certeza também com as responsabilidades que tem de assumir em relação à criança que nasceu”, assinalou.

O cardeal-patriarca sublinhou que os casos concretos são tratados diretamente pelo “respetivo bispo”.

D. Manuel Clemente apoiou a posição tomada pela Diocese do Funchal, admitindo que o sacerdote possa vir a continuar o seu ministério, “na fidelidade ao celibato, sem vida dupla”.

O responsável assinalou que situações similares acontecem “fora da conjugalidade”, no matrimónio, e observou que também nestes casos de “infidelidade”, as “responsabilidades têm de ser assumidas”, mas a continuação da vida sacerdotal ou conjugal prossegue quando há “vontade de arrepiar caminho e fazer as coisas com mais consciência e responsabilidade”.

D. Manuel Clemente pediu respeito por todas as pessoas envolvidas, particularmente “no interesse das próprias crianças”, também do “ponto de vista mediático”.

“A criança sabe e saberá quem é seu pai”, observou.

O cardeal-patriarca assinalou, a respeito de propostas relativas a um celibato facultativo, que se pode levantar o problema de uma certa “diluição do perfil sacerdotal”

“O padre é um sinal vivo do que era a vida de Cristo, que escolheu não formar uma família para ser familiar de todos”, uma nota sacramental que é sublinhada na tradição latina, seguida pela maioria dos católicos em todo o mundo.

D. Manuel Clemente afirmou, por isso que “não abandonaria” nem “abrandaria” a “apologia do celibato”, assumido “como ideal e como prática”.

A Assembleia Plenária da CEP estudou as mais recentes orientações do Vaticano sobre a formação dos novos padres, destacando o “cuidado” com a dimensão humana e afetiva dos candidatos ao sacerdócio.

As indicações dos últimos anos desaconselham “vivamente” a admissão dos candidatos homossexuais, considerando esta decisão como “uma medida de prudência”.

“Não é preciso tomar mais medidas do que aquelas que já estão previstas”, declarou o presidente da CEP, sublinhando que “cada vez mais há um acompanhamento psicológico das vocações”.

“O celibato é para todos”, disse ainda, após ser questionado sobre a possibilidade de existirem sacerdotes com orientação homossexual.

Da Santa Sé chegou a proposta de “tempo propedêutico” de elucidação das questões globais que têm a ver com a vida do sacerdócio, antes do início do percurso final de formação em Filosofia e Teologia.

OC

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Agência ECCLESIA

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