Igreja/Portugal: «Último adeus» a D. Manuel Martins

D. José Ornelas, bispo de Setúbal, evoca «figura incontornável» na vida eclesial e na construção da democracia

Setúbal, 25 set 2017 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, preside hoje em Leça do Bailo à Missa exequial de D. Manuel Martins, primeiro bispo da diocese sadina, que recorda como “figura incontornável” na vida eclesial e na construção da democracia.

“D. Manuel Martins representa na Igreja uma das vozes que ajudaram a consolidar valores e, ao mesmo tempo, levantar questões muito importantes para a democracia, com rosto humano, de justiça e de dignidade para todos”, disse o responsável, em entrevista à ECCLESIA que é hoje transmitida na RTP2, pelas 15h00.

As exéquias fúnebres vão celebrar-se também pelas 15h00, no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos – Diocese do Porto), terra natal do falecido prelado.

“Nós celebramos um homem que gastou a sua vida, não a perdeu, ofereceu-a, para criar vida. E essa vida vai continuar”, refere D. José Ornelas.

O prelado evoca “bispo com coração de pastor” que não se quis afirmar como “estrela política”, mas como um “pai” capaz de ir ao encontro das pessoas.

Segundo o desejo expresso pelo próprio, D. Manuel Martins será sepultado junto dos seus pais, no cemitério próximo do Mosteiro.

D. José Ornelas lembra o primeiro bispo de Setúbal, que ali chegou em 1975, como alguém que deixou forte marca na “memória coletiva” da Igreja e da sociedade em Portugal.

A figura de D. Manuel Martins está “constantemente presente” em todos os quadrantes da vida social em Setúbal, assinala o responsável, realçando que o falecido bispo foi alguém que chegou em “tempos muito conturbados” para a península sadina, “no arranque da experiência democrática”.

D. José Ornelas manifesta a sua admiração pelo primeiro bispo de Setúbal, que recusou um “discurso morno”, por considerar que “com a dor das pessoas não se pode brincar”, e ajudou a criar uma mentalidade, de dar “cidadania especial” aos mais frágeis.

“Ele trazia à ribalta a realidade dramática das pessoas”, acrescenta, a respeito de um “homem do diálogo”, que sabia escutar e procurar “convergências”.

D. Manuel Martins é recordado como um “enamorado de Setúbal” que transmitiu essa paixão a D. José Ornelas, quando este foi nomeado bispo da diocese sadina.

“Ajudou a criar um sonho: que se podem mudar as coisas, que estamos juntos, que o Evangelho é o caminho fundamental de afirmação da justiça, da dignidade, da esperança”, assinala o atual bispo de Setúbal.

O falecido bispo nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.

Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.

No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo.

PR/OC

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Agência ECCLESIA

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