VISEU: Dois conventos em Terras do Sátão

Convento de Nossa Senhora da Oliva | Tojal

A iniciativa de fundação de um convento feminino, dedicado a Nossa Senhora da Oliva, foi do sacerdote Feliciano de Oliva e Sousa, natural do lugar do Tojal. A construção, iniciada em 1632, justificava-se por ser “a Beira estéril de similhantes Casas, e havendo n’ella muita gente nobre, era grande o dispêndio, grande o trabalho, de dar o estado santo da Clausura a suas filhas”. O fundador encontra-se sepultado na capela-mor.

As primeiras freiras entraram solenemente no mosteiro em 1640.

Nos inícios do século XIX, a escassez de meios humanos e financeiros levou ao seu encerramento. Com o decreto de 1834 o edifício transitou para a posse do Estado, que vendeu os materiais construtivos, subsistindo a Igreja e o Mirante, unidos por um muro e portal.

O interior constitui um espaço de absoluta relevância artística, conjugando talha dourada e policromada, além de azulejos e pintura nos caixotões e no arco-cruzeiro.

Os três retábulos identificam o processo criativo enquadrado nos cânones joaninos, com linguagem do barroco italiano. O retábulo-mor integra as imagens de Nossa Senhora da Oliva, do Menino Jesus, de São Domingos de Gusmão e de São João Baptista.

 

Convento de Santa Eufémia | Ferreira de Aves

O convento beneditino de Santa Eufémia de Ferreira de Aves, Sátão, fundado no século XII, por Soeiro Viegas, junto a uma capela com a mesma invocação, foi ampliado por sua neta D. Maior Soares, abadessa do convento. Em 1163 já se encontrava ocupado pelas religiosas. Em 1444, por significativa ruina do mosteiro, o bispo D. João Vicente ordenou a saída das religiosas e disponibilizou o espaço para religiosos da Ordem Terceira de S. Francisco, que aí ficaram até 1456, regressando as freiras quatro anos depois.

Em 1891, com a morte da última freira, o edifício passou a ser propriedade do Estado. A igreja, a torre, os sinos e o relógio foram concedidos à Junta da Paróquia e as restantes dependências e espaços da cerca foram sendo vendidos a particulares.

Nos finais do século XVI iniciou-se um período de intervenções que, juntamente com as realizadas nos séculos XVII e XVIII, alteraram de forma significativa o edifício medieval: o gradeamento de ferro para o coro-alto, o gradeamento e a roda para o coro-baixo. O portal principal, no alçado lateral, como é característico das instituições monásticas femininas, tem traça maneirista. No interior, as paredes foram revestidas, em 1664, por azulejos de padrão vegetalista, incorporando um painel figurativo com São Bento.

No século XVIII as alterações incidiram na execução de estruturas de talha dourada e policromada, com cinco composições retabulares, de estilo joanino. A capela-mor tem um tecto artesoado, com caixotões de moldura simples, enquadrando pinturas de temática hagiográfica. A talha foi também utilizada em duas mesas em forma de arca, no púlpito de estilo rococó, no gradeamento do coro alto e nas sanefas das janelas.

O retábulo da capela-mor, de estilo barroco joanino, executado por volta de 1730, denota alinhamento com a escola do Porto. Os retábulos colaterais e laterais, anunciam já as propostas estéticas do rococó. Ao fundo da igreja tem a grade da comunhão e a roda, inseridos numa parede que demarca o coro-baixo, destinado às freiras. No coro-alto possui o cadeiral, com espaldar policromado, configurando grandes florões. 

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Agência ECCLESIA

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