Eutanásia: presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz rejeita morte como resposta para o sofrimento

Pedro Vaz Patto pede aposta nos cuidados paliativos

Lisboa, 15 abr 2016 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) defende que recusar a eutanásia é também recusar a ideia que a “vida pode perder dignidade”, quando deve “ser acompanhada e protegida até ao fim”.

“A morte não pode ser a resposta para o sofrimento. Há outro tipo de resposta e essas passam pelos cuidados paliativos que, dizem os especialistas, permitem eliminar o sofrimento intolerável. Não eliminam completamente mas isso nunca é possível, não é só na fase terminal da vida que as pessoas passam pelo sofrimento”, explica Pedro Vaz Patto.

À Agência ECCLESIA, o juiz do Tribunal Eclesiástico da Diocese de Lisboa sublinha que ao sofrimento intolerável a morte não é a resposta porque é “fácil, ilusória”, não exige um “compromisso sólido e forte” da sociedade.

“Que mensagem estamos a transmitir em relação às pessoas que vivem essas situações de sofrimento quando admitimos que a resposta para o sofrimento é a morte?”, questiona.

A eutanásia, sublinha o presidente da CNJP, não é uma forma de combater o sofrimento mas uma maneira de “eliminar a pessoa que sofre”, por isso, é necessário “dar uma resposta” a argumentos com a autonomia que “também pressupõe a vida”.

Outro argumento subjacente à legalização eutanásia é a dignidade da vida humana e para Pedro Vaz Patto a vida deve ser “acompanhada e protegida” até ao fim.

Ao fundamento que essa opção é uma questão de liberdade, o entrevistado vê contradições porque a vida “é o pressuposto de todos os bens”, onde se inclui a liberdade e a dignidade.

“Só é livre a pessoa que está viva. A ideia de que há um direito à morte é em si contraditória porque o direito supõe sempre um bem. Falar de direito à morte é tão absurdo como falar do direito à doença”, desenvolveu.

Para o entrevistado, o manifesto assinado por várias personalidades que pede a legalização da eutanásia dá visibilidade a este tema, pelo que este deve ser o momento “oportuno para esclarecer as pessoas”.

O presidente da CNJP é um dos entrevistados no próximo programa ‘70×7’ (RTP2), que vai ser transmitido no domingo, às 13h30, tendo como pano de fundo a recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Eutanásia, tema em destaque na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

PR/CB

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