Família: Cardeal-patriarca defende importância de referência «masculina e feminina»

D. Manuel Clemente comenta recentes alterações legislativas no campo da adoção e do aborto

Fátima, Santarém, 23 nov 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que a Igreja Católica em Portugal vai manter a defesa das suas convicções sobre a vida e a família, sublinhando a importância de uma referência “masculina e feminina” na educação dos filhos.

“Estamos convencidos de que para a formação das crianças é importante a referência masculina e feminina e que isto deve ser atendido em tudo o que diz respeito à vida, à família e à geração”, disse D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA.

O parlamento aprovou na sexta-feira a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, com o apoio da maioria parlamentar de esquerda e de 19 deputados do PSD; foram discutidos e votados quatro diplomas sobre a matéria, de PS, BE, PEV e PAN.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu este domingo que a opinião da Igreja sobre estes temas tem sido repetida pelo Papa Francisco e pelos bispos, partindo da convicção da “verdade da vida desde a conceção à morte natural” e de que “a vida nasce no ambiente familiar na complementaridade fecunda homem-mulher”.

“Por isso continuaremos – não somos só nós, o Papa e os bispos mas também as famílias cristãs, os casais cristãos – a mostrar pela prática e a dizer por palavras aquilo de que estamos convencidos, para nós e para os outros”, acrescentou.

Ainda na sexta-feira, o Parlamento revogou as alterações à lei do aborto que tinham sido aprovadas na última legislatura, a partir da Iniciativa Legislativa de Cidadãos ‘Pelo Direito a Nascer’.

Em causa estavam a introdução de taxas moderadoras na prática do aborto, a obrigatoriedade de a mulher comparecer a consultas com um psicólogo e um técnico de serviço social, bem como a possibilidade de os médicos objetores de consciência poderem participar nas várias fases do processo de aconselhamento.

Para D. Manuel Clemente, a revogação das medidas não representa uma derrota destas iniciativas de cidadãos, “que são no fundo o que a democracia tem de mais válido”, permitindo às pessoas “expressarem o que acreditam e proporem-no aos outros”.

“Movimentos como estes vão continuar e alargar-se, porque o que está em causa são verdades fundamentais de que nós não desistimos”, assinalou.

A Assembleia da República aprovou ainda um projeto do Bloco de Esquerda que requer a alteração do Código do Registo Civil "tendo em conta a adoção, a procriação medicamente assistida e o apadrinhamento civil” para os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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