Igreja/Sociedade: «Miséria Social e pobreza espiritual» são hoje «as chagas de Cristo que é preciso tocar»

Nova obra do padre e escritor checo Tomás Halík é inspirada na «cultura de proximidade» proposta pelo Papa Francisco

Lisboa, 12 mar 2015 (Ecclesia) – A Paulinas Editora vai lançar esta segunda-feira em Portugal a obra “O meu Deus é um Deus ferido”, do sacerdote e escritor checo Tomás Halík.

A editora explica em comunicado enviado à Agência ECCLESIA que o livro é inspirado na “cultura de proximidade” proposta pelo Papa Francisco e parte do pressuposto de quem “não toma a sério o sofrimento do próximo, não tem o direito de professar a fé em Deus”.

“Uma fé que prefere fechar os olhos perante a dor humana é apenas uma ilusão ou ópio”, escreve o autor.

No decurso da obra, com 240 páginas, o sacerdote dá como exemplo o episódio bíblico de São Tomé, considerando que “a miséria social e a pobreza espiritual” são hoje “as chagas de Cristo que é preciso tocar”.

Tomás Halík, de 66 anos, foi ordenado padre “na clandestinidade”, durante o período da ocupação comunista na antiga Checoslováquia, e acompanhou muito de perto o trabalho do cardeal Frantisek Tomásek.

Foi com esta figura emblemática, da chamada “Igreja do Silêncio”, e com outros sacerdotes perseguidos, que o autor aprendeu “o valor do diálogo com o outro não crente (ou não cristão)”, e a valorizar e esperar “uma Igreja purificada, sem triunfalismo e ao serviço dos pobres e oprimidos”, refere a Paulinas Editora.

Com o fim do Comunismo, foi nomeado conselheiro do presidente Václav Havel, assumiu depois o cargo de secretário-geral da Conferência Episcopal Checa e colaborou mais recentemente com a Santa Sé, enquanto consultor do Conselho Pontifício para o Diálogo com os Não-Crentes.

Atualmente, este escritor galardoado ensina Sociologia e Filosofia da Religião na Universidade Charles, em Praga.

O seu empenho na área do diálogo intercultural, do diálogo inter-religioso e do ecumenismo, valeu-lhe em 2014 a atribuição do Prémio Templeton, no valor de 1,3 milhões de euros, um dos maiores do mundo atribuídos a pessoas individuais.

Este galardão, coordenado pela Fundação Templeton, sediada em West Conshohocken (Pensilvânia, EUA), distingue todos os anos uma personalidade que tenha contribuído de forma relevante para afirmar a dimensão espiritual da vida.

Entre os distinguidos encontram-se a Beata Madre Teresa de Calcutá, no primeiro ano em que o galardão foi atribuído (1973), o Irmão Roger, fundador da Comunidade Ecuménica de Taizé), Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, o escritor russo Aleksandr Solzhenitsyn e o arcebispo anglicano Desmond Tutu.

Com o livro “Paciência com Deus”, Tomás Halík recebeu também o prémio de “Melhor Livro Europeu de Teologia de 2009/10”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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