Síria: Papa pede aos líderes mundiais que rejeitem «a ideia fútil de uma intervenção militar»

Numa carta dirigida ao G20, Francisco considera «lamentável» que interesses unilaterais estejam a impedir uma solução pacífica

Cidade do Vaticano, 05 set 2013 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje aos líderes das maiores potências económicas do mundo para que ajudem a encontrar uma solução pacífica para o conflito na Síria e “a afastar a ideia fútil de uma intervenção militar”.

Numa carta dirigida ao presidente da Federação da Rússia, que está a presidir à cimeira do G20 em São Petersburgo, Francisco realça que os responsáveis daquele grupo “não podem ficar indiferentes à situação dramática do amado povo sírio, que dura há demasiado tempo e que ameaça tornar-se ainda mais difícil para uma região a necessitar de paz”.

Apesar deste encontro internacional “não ter a segurança internacional como o seu principal ponto em debate” o Papa pede aos chefes de Estado que “não passem ao lado da conjuntura atual no Médio Oriente”.

“No contexto altamente interdependente do mundo de hoje”, referiu Francisco a Vladimir Putin, “é essencial que existam regras financeiras justas e bem definidas, que contribuam para um mundo mais justo e fraterno, para o fim da fome, para o desenvolvimento do emprego e da habitação para todos, para o acesso à saúde”.

“No entanto, a economia mundial só poderá ser considerada desenvolvida se contribuir para o bem-estar e para a dignidade de todas as pessoas, não só dos cidadãos dos países do G20 mas também de todos os habitantes da Terra, nos locais mais remotos, desde os idosos às crianças que estão por nascer”, acrescentou o Papa, na missiva disponibilizada pela sala de imprensa da Santa Sé.

O grupo dos G20, criado em 2003, é constituído pela África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, União Europeia e Turquia.

Para o Papa, os chefes das 19 economias mais influentes do mundo mais a União Europeia têm o dever de procurar “um compromisso que permita, com coragem e determinação, encontrar uma solução pacífica” para a Síria, “através do diálogo e da negociação entre as partes em contenda”.

“Além disso, todos os governos têm o dever moral de fazer tudo ao seu alcance para assegurarem assistência humanitária às populações atingidas pelo conflito, tanto dentro das suas próprias fronteiras como fora delas”, sublinhou Francisco, numa alusão aos milhões de refugiados sírios.

Para o Papa, “é lamentável que a guerra na Síria tenha sido dominada desde início por interesses unilaterais, que têm impedido a procura de uma solução que poderia ter evitado o massacre sem sentido que agora está a acontecer”.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, nos últimos dois anos e meio, os combates entre as tropas do governo de Bashar Al-Assad e forças opositoras ao regime já provocaram cerca de 100 mil mortos, incluindo 7 mil crianças, e mais de 4 milhões de refugiados e deslocados.

Nesta altura, sob a argumentação de que o exército de Al-Assad terá recorrido diversas vezes à utilização de armas químicas, os Estados Unidos, a França e outros países estão a ponderar avançar com uma intervenção militar conjunta na Síria.

JCP

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