Situação da Igreja lusófona no início do II Concílio do Vaticano

No início do II Concílio do Vaticano, a Igreja portuguesa ultrapassava as fronteiras atuais e abrangia territórios – agora independentes – noutros continentes. Algumas prioridades de bispos portugueses além fronteiras.

No início do II Concílio do Vaticano, a Igreja portuguesa ultrapassava as fronteiras atuais e abrangia territórios – agora independentes – noutros continentes.

Na Diocese da Beira (Moçambique), D. Sebastião Soares de Resende considerou que os problemas que mais o preocupavam, quando se deu o início do concílio, eram aqueles que estavam relacionados com “a pessoa humana” e “em algumas de suas verticais”. “De facto, o problema fundamental do mundo e, portanto, o grande problema da Igreja, é a visão total do homem”, desabafou ao Boletim de Informação Pastoral (BIP), nº 19 – Setembro-Outubro de 1962.

Ao fazer referência às “verticais”, o bispo da Beira salienta que a primeira se situava nos problemas dos seus “direitos e deveres sagrados e inalienáveis”. A segunda – a vertical religiosa – residia nos problemas da “catequese, do ensino religioso e da liturgia”. E por fim, a terceira – vertical intelectual – assentava nos problemas de “contacto e de inquietação das camadas cultas, mas indiferentes ou ateias”, do “ensino primário e secundário por parte da Igreja e de círculos superiores de estudos religiosos para adultos”.

“Todos os problemas pastorais” da Diocese de Díli (Timor-Leste) se reduziam a um: “A falta de clero. Sem este estar resolvido primeiro, é pura perda de tempo discutir os outros. Resolvido este, desaparecem ou ficam meio resolvidos todos os demais”, confessava D. Jaime Garcia Goulart, bispo de Díli.

Para D. José Vieira Alvernaz, arcebispo de Goa e Damão e patriarca das Índias Orientais, a universalidade deste acontecimento eclesial convocado por João XXIII devia contribuir para “desfazer a ideia de que a Igreja Católica é inimiga das culturas dos povos orientais, no que elas têm de justo e verdadeiramente humano”. Segundo o prelado daquelas dioceses indianas, devia-se – como tinham começado a fazer os missionários do século XVI – “cristianizar culturas e instituições”.

Na hora do início do II Concílio do Vaticano o que mais “preocupa e amargura”, o arcebispo de Luanda e Bispo de São Tomé, D. Moisés Alves de Pinho, era “a reparação das ruínas e a supressão das consequências acarretadas pelos trágicos acontecimentos de que foi teatro” a parte norte da arquidiocese. Por outro lado – acrescentava D. Moisés Alves de Pinho – a arquidiocese debatia-se com a “falta de missionários” e solicita que “as dioceses e congregações do continente continuem na generosidade ultimamente praticada para com o ultramar”.

Reconstruir o “velho edifício do Seminário”, “preparação do seu corpo docente, com formação de novos elementos” e construir “novas igrejas, para facilitar o apostolado e o trabalho missionário entre os infiéis” eram as prioridades de D. Paulo José Tavares, bispo de Macau.

LFS 

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