Portugal: Mais de 100 mil seminaristas no século XX

Nova associação de antigos alunos quer ser «espaço de reconhecimento da experiência vivida» e de «valorização das competências adquiridas»

Leiria, 19 set 2011 (Ecclesia) – O presidente da União das Associações de Antigos Alunos dos Seminários Portugueses (UAAASP), constituída este sábado em Leiria, estima em mais de 100 mil o número de rapazes que passaram por aquelas instituições durante o século XX.

“Terão passado pelos seminários, ao longo do século XX, mais de 100 mil adolescentes e jovens, e desses ordenaram-se 10% de diocesanos e 5% de religiosos”, disse hoje à Agência ECCLESIA o padre Armindo Janeiro, da diocese de Leiria-Fátima, que se fundamenta num inquérito àquelas estruturas católicas formadoras de padres.

O sacerdote espera que o novo organismo, criado no seguimento do primeiro Congresso de Antigos Alunos dos Seminários realizado em abril de 2009, se torne um “espaço de diálogo, reflexão e partilha” para pessoas “em quem a Igreja investiu muito e deu o melhor de si mesmo”.    

A estrutura fundada por 11 das cerca de 28 associações formais de antigos seminaristas quer ser “um espaço de reconhecimento da experiência vivida” e de “valorização das competências adquiridas”, contribuindo para que os seus membros percebam “como é que se podem pôr a render ao serviço da Igreja e da sociedade”.

“Muita gente que passou pelos seminários, com uma mais-valia de formação e conhecimento, pode ser atraída não só para o projeto da UAAASP como também para uma participação mais ativa e consciente nas comunidades cristãs”, justificou o responsável.

A contribuição dos antigos seminaristas vai para além das fronteiras da Igreja, já que “muitos” ocupam “lugares de responsabilidade em estruturas sociais, políticas, culturais e administrativas”, assinalou.

A União das Associações, com sede em Leiria, pretende tornar-se um “lugar de encontro para aqueles que precisam de reencontrar as suas raízes”, reconhecendo “o bem” recebido no passado, ainda que essa tenha sido uma “experiência situada” e com “limites”.

Depois da aprovação dos estatutos, este sábado, as etapas seguintes preveem a elaboração dos regulamentos e dos aspetos organizativos, o planeamento de atividades, o pedido de reconhecimento por parte do bispo de Leiria-Fátima e o esclarecimento de dúvidas das associações de antigos alunos que não aderiram à nova entidade.

Entre os projetos, que vão dar prioridade à cultura, espiritualidade e reflexão, inclui-se a realização de um fórum para trabalhar a identidade da associação e a evocação dos 40 anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), acontecimento que muitos dos antigos alunos “viveram ao máximo”.

O padre Armindo Janeiro, único sacerdote a integrar os 11 lugares dos órgãos sociais da UAAASP, percentagem que no seu entender corresponde ao destino vocacional dos antigos seminaristas, considerou ser “desejável” que a presidência venha a ser “assumida por leigos, sem deixar de continuar a contar com a participação do clero”.

O responsável reconhece que as gerações mais recentes de seminaristas têm menor ligação às instituições formais de antigos alunos, como se constata pelos órgãos dirigentes, onde dez dos seus membros estiveram nos seminários nas décadas de 60 e 70 do século passado.

A UAAASP, que volta a reunir-se a 3 de dezembro no seminário de Leiria, é formada por associações das dioceses de Braga e Viana do Castelo, Lamego, Vila Real, Aveiro, Coimbra, Leiria-Fátima, Évora e Funchal, bem como por religiosos Franciscanos, Combonianos e Espiritanos.

RJM

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