Migrações: Organizações religiosas mais presentes em situações delicadas

Especialistas reuniram-se em Lisboa para discutir papel da religião na integração dos imigrantes

Lisboa, 13 jul 2011 (Ecclesia) – As organizações religiosas proporcionam “aos emigrantes espaços de encontro e de ajuda” particularmente relevantes quando as políticas de migração “são mais duras, disse, esta terça-feira, à ECCLESIA, Claudio Bolzman, professor na Universidade de Ciências Aplicadas da Suíça Ocidental.

O docente proferiu uma conferência sobre «O papel da religião no processo de integração dos migrantes» no seminário, realizado segunda e terça-feira, em Lisboa, intitulado «Instituições Religiosas e Comunidades Migrantes – Práticas de Intervenção e Perspetivas Futuras».

As organizações religiosas têm “um papel importante na integração dos emigrantes” visto que são locais onde podem “falar o seu idioma, praticar os seus ritos e receberem ajudas materiais e espirituais”, referiu Claudio Bolzman.

Por sua vez, Jorge Malheiro, do Instituto de Geografia e Ordenamento de Território (IGOT) da Universidade de Lisboa, realçou aos participantes que “a dedicação das diferentes Igrejas” às comunidades migrantes “já tem uma longa tradição”.

Nesta linha de apoio, as instituições religiosas acompanham as populações e ajudam na “mitigação dos seus problemas”m  frisou.

O «estar fora» do seu habitat natural tem “sempre uma componente de stress, não sendo um drama – exceto em casos particulares – o fenómeno migratório é um processo de emancipação social para muita gente”, realça Jorge Malheiro.

Longe do contexto, dos amigos e conterrâneos que se está habituado, faz com que as pessoas “fiquem mais vulneráveis” e a “existência de uma organização religiosa” no país de destino – que funciona tal como no seu território – poderá ser um “apoio fundamental quer no ponto de vista espiritual e quer noutro tipo de carências”, acrescentou

A celebrar 50 anos, a Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) foi “a ponta avançada de um grande empenho da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e dos cristãos portugueses em favor dos emigrantes”, disse por sua vez, o missionário scalabriniano, padre Rui Pedro.

A trabalhar atualmente em Roma, o antigo diretor da OCPM referiu também que se constata uma “nova vaga de portugueses que partem e uma diminuição da vaga dos migrantes que entram”.

Sobre a atual crise financeira e a onda de refugiados que atravessam o Mar Mediterrâneo, o padre Rui Pedro frisou que a tentativa de “harmonizar as leis migratórias na Europa é um fracasso”.

Em Itália assiste-se, “diariamente”, a “travessias trágicas”, mas a “Igreja tem dado uma resposta pastoral muito eficiente”, completou.

Como os políticos “testam o pulso da opinião pública”, a Igreja deve ter um “papel vigilante”, sublinhou o missionário scalabriniano, acrescentando que “há partidos que se colam à Doutrina Social da Igreja para interesses pessoais”.

Para o atual diretor da OCPM, frei Francisco Sales Diniz, o seminário foi uma forma de “partilhar com os outros” o trabalho feito e ajudar “a promover uma sociedade inclusiva”.

PTE/LFS

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