Sínodo 2024: «Temos de reforçar laços e diminuir o clericalismo» – D. Ramón Alfredo de la Cruz (c/vídeo)

Delegado da República Dominicana mostra «grande esperança» para a fase pós-sinodal

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 26 out 2024 (Ecclesia) – O delegado da Conferência Episcopal da República Dominicana no Sínodo disse à Agência ECCLESIA que esta assembleia manifestou a “grande esperança” de ter uma Igreja sinodal, projetando maior participação e menos “clericalismo”.

“Surgiram muitas questões que são preocupações autênticas, mas o Sínodo, enquanto tal, procurou estudar a sinodalidade, essa forma de novas relações e de compreender os lugares e os espaços para uma melhor evangelização e para a missão”, refere D. Ramón Alfredo de la Cruz, bispo de San Francisco de Macorís – Rep. Dominicana.

O responsável sublinha que, na sua comunidade, “a ligação entre bispo, padre, padre e fiéis é muito estreita”, pelo que o desafio é “torná-la mais forte”.

“Agora temos de reforçar ainda mais estes laços e reduzir o clericalismo, que está sempre presente”, prossegue.

As pessoas já estão a adquirir esta nova consciência. Temos de falar, de dizer e de ser ouvidos. Estão a pedir mais para serem escutadas e esta escuta atenta significa que aquilo que pedem também é feito, que se chega a um consenso em comunidade, não em grupos afastados uns dos outros”.

Esta sessão da Assembleia Sinodal, iniciada a 2 de outubro, tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

D. Ramón Alfredo de la Cruz entende que a primeira fase do processo esteve “cheia de conjeturas de todo o tipo, que prejudicaram a perceção dos trabalhos.

“Confundiu-se o Sínodo com um Concílio, confundiu-se o Sínodo com a mudança da doutrina da igreja, mas o Papa insistiu que procurava uma nova maneira de ser Igreja. E dentro dessa nova forma de ser Igreja, está também a procura de como entender a mesma doutrina no mundo de hoje”, precisa.

Se eu procuro compreender a doutrina e o magistério da Igreja no mundo de hoje, não significa que a esteja a mudar, mas procuro uma forma de a tornar mais compreensível. E é isso que creio que já hoje, nesta fase final desta segunda sessão, como Igreja, compreendemos”.

Foto: synod.va/Lagarica

O delegado do episcopado da República Dominicana refere que as comunidades locais “participaram com grande entusiasmo nos inquéritos” promovidos, que chegam a cristãos de outras confissões, “algo inédito” no país.

Sobre a sua experiência pessoal, o bispo de San Francisco de Macorís disse ter aprendido a “compreender melhor a Igreja local, vendo-a a partir da universal”.

A assembleia sinodal, que decorre até domingo, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O documento final vai ser lido e votado hoje, nas duas últimas reuniões gerais dos participantes.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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Agência ECCLESIA

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