Sínodo: «Sementes de sinodalidade» vão marcar 50.º aniversário da Diocese de Santarém

Maria Carlos Ramos, da equipa sinodal ddiocesano, aponta a mudanças que «acontecem na cave» vão marcar

Agência ECCLESIA/PR

Santarém, 21 jun 2024 (Ecclesia) – Maria Carlos Ramos, da equipa sinodal da Diocese de Santarém, disse que o processo sinodal vai marcar a celebração dos 50 anos da diocese no próximo ano e que “sementes de sinodalidade” dão esperança à construção da Igreja.

“A Diocese faz 50 anos de existência no próximos e a sinodalidade também é muito desejada como mote de reflexão e até de preparação do próprio jubileu diocesano”, explica a responsável à Agência ECCLESIA.

De um arranque “difícil”, em 2021, fruto das dificuldades em “perceber quais as metodologias propostas”, a diocese de Santarém caminhou de uma participação “reduzida” para mudanças na escuta entre os participantes.

“O ser capaz de ouvir, de nos sentarmos na mesma mesa e conversar, conhecer pontos de vista e perceber que são apenas pontos da mesma vista. Eu acho que do processo todo, ou pelo menos o que me interessa, não é o número de pessoas, mas é esta consciência que se torna mais ativa, mais viva em cada um dos batizados. Acho que houve mais consciência disso”, constata.

Maria Carlos Ramos indica que a escuta permitiu incluir, no segundo relatório, realidades abordadas na fase de diálogo e reflexão que, não sendo disseminadas na diocese, levaram as pessoas a conhecer contextos diferentes e a olhá-los à luz da sinodalidade e da proposta cristã.

“Por exemplo, a presença de imigrantes na diocese, porque é uma área de agricultura. Hoje temos hoje uma outra realidade que desponta com a presença de pessoas de outras tradições, de outras confissões e que estão a mudar a paisagem e que, também, nos estão a mudar. Se na primeira etapa nós não demos muita importância à questão do diálogo inter-religioso, por exemplo, nesta segunda etapa percebemos que o diálogo com aqueles que, sendo diferentes de nós, não só do ponto de vista cultural, mas também do ponto de vista religioso, precisam de um cuidado e de uma atenção grande. Isso é referido como preocupação que a Diocese deve ter para si”, indica.

A responsável acredita que a pouca participação diocesana vai dar lugar, a partir das “sementes de sinodalidade” a maior consciência e presença dos cristãos nas comunidades e na vida da Igreja.

“Independentemente dos relatórios, e esta é a minha opinião, estes processos são sempre pedradas no charco. Eu acredito que as revoluções se fazem na cave. Eu não estou à espera que a Igreja ‘vire de pernas para o ar’, e que tudo quanto foi dito provoque alterações – não me parece que aconteça assim, nem sei se interessa. Mas acredito nas sementes de sinodalidade. Há sementes que ficam, eu acredito que nada vai ser como dantes”, indica.

A vida cristã não pode ser uma mesmice, não pode ser, há de ter que se distinguir de alguma maneira e há de se distinguir no modo como funcionamos, no modo como nos empenhamos, no modo como ouvimos os outros e estamos com os outros. Não são os batizados todos, mas se calhar há pessoas que utilizaram a palavra, eu ouvi isto em algumas entrevistas, que isto pode ser um tempo de purificação, de passar pelo fogo, e eu acho que é um tempo de fogo, e de um fogo bom, que vai arder o que tem para arder e dar chama e iluminar o caminho que se segue, que não sei qual é, mas será feito com os comprometidos, com os curiosos, com os que querem descobrir, com os que ainda não sabem as palavras, mas que querem perceber quais são. Acredito profundamente nisso”.

Maria Carlos Ramos destaca ainda o que os relatórios da diocese de Santarém escreveram sobre a importância e necessidade de fazer os conselhos pastorais funcionarem, algo, indica, sublinhado “com muita força” no segundo relatório diocesano e a forma como os movimentos, “mais até do que as paróquias” revelaram de dinâmica e assumiram práticas sinodais.

“Não faz um processo de reflexão para depois tudo ficar na mesma. Está aqui, queiramos ou não, isto muda-nos e muda, alguma mudança está a acontecer e eu acho que passa muito pelo sentido de percebermos que este apelo do Papa”, indica.

A conversa com Maria Carlos Ramos pode ser acompanhada no programa ECCLESIA na Antena 1, no sábado, pelas 06h00.

LS

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