Burquina Faso: AIS lança campanha para ajudar cristãos sob ameaça de grupos jihadistas

Alimentação, cuidados de saúde, educação e apoio espiritual são as quatro áreas do desafio lançado pela fundação pontifícia

Foto: ACN

Lisboa, 14 fev 2024 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) lançou a campanha ‘SOS Burquina Fasso’ para ajudar os cristãos daquela nação, que enfrentam a ameaça de grupos jihadistas, que atuam na região de Sahel, em África.

“A Igreja local pretende criar dois campos de deslocados, Kongoussi e Séguénéga, que acolherão cerca de 900 cristãos de 24 aldeias atacadas pelos jihadistas, garantindo ajuda de subsistência e um acompanhamento espiritual que lhe devolverá a confiança e as bases para um diálogo pacífico para o futuro”, explica a fundação pontifícia.

Através de quatro projetos, que abrangem as áreas da alimentação, cuidados de saúde, educação e apoio espiritual, é possível ajudar de forma direta os cristãos.

Num deles, o da educação, a diretora do secretariado português da fundação AIS assinala que “é possível ajudar uma criança que vive num campo de deslocados a ter acesso ao ensino por apenas 65 cêntimos por mês, ou seja, o valor, aproximadamente, de um café”.

“O objetivo, neste caso, é o de se conseguir que pelo menos 100 crianças possam continuar a estudar, apesar da situação muito precária em que se encontram, em campos de acolhimento”, adianta.

Na alimentação, 481 euros por mês permitem saciar 26 famílias e, na saúde, 135 euros por mês possibilitam cuidar de 180 doentes.

Quanto ao apoio espiritual, quem contribuir estará a ajudar à criação de um centro de oração e meditação da palavra de Deus para aprofundar a fé católica; 30 por mês permitem que 10 pessoas sejam acompanhadas.

“Há países onde a violência contra os cristãos é atroz, mas infelizmente não é notícia na televisão. É o caso do Burquina Faso, onde a vida de milhares de pessoas ficou praticamente paralisada pela ameaça real de grupos jihadistas que querem estabelecer um califado islâmico na região e que, aos poucos, vão submetendo a sociedade às suas regras, às suas imposições”, lamenta a AIS.

Por estes dias, encontra-se a chegar a casa dos benfeitores e amigos da AIS uma carta assinada pela diretora do secretariado português da fundação a convidar a ajudar a causa.

“Em nome da Igreja que sofre no Burquina Faso, agradeço toda a sua ajuda. Por favor, reze por estes homens, mulheres e crianças que carregam uma cruz tão dolorosa”, pode ler-se.

Segundo a fundação, desde 2019, “quase um milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas”, que destaca que a missão da Igreja também passa por “ficar junto do povo”, “disponibilizar meios de sobrevivência” e impedir que famílias “cedam ao desespero”.

No Burquina Faso, cerca de 60% da população é muçulmana e os católicos são menos de metade (cerca de 19%), sendo cada vez mais “forçados a assistir à Missa através da rádio, pois o acesso às igrejas, às paróquias pode ser já quase impossível”, revela a AIS.

“Quando vemos enfermeiras católicas que se confiam à misericórdia de Deus, se disfarçam de muçulmanas e vão às aldeias, atravessando zonas perigosas, passando por terroristas para salvar vidas, para cuidar de pessoas doentes que não puderam fugir, é encorajador e dizemos que é Deus quem salva”, disse o padre Wenceslau Belem, que em abril de 2023 esteve em Madrid, Espanha, numa iniciativa do secretariado espanhol da AIS.

Segundo o sacerdote, “desde que o terror começou, mais de 2 mil escolas foram encerradas”.

“Atacam igrejas católicas matando ou raptando cristãos, especialmente catequistas, padres e outros leigos empenhados; e querem impor o uso de véus de rosto inteiro a todas as mulheres”, descreve.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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