A felicidade da família

“A felicidade da Família é projecto de Deus” foi o tema de estudo da Jornada da Família da diocese de Portalegre-Castelo Branco, a cargo de Maria Teresa Ribeiro. Partindo da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz deste ano, logo no primeiro número: “No início de um ano novo, desejo fazer chegar meus ardentes votos de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos homens e mulheres do mundo inteiro; faço-o, propondo à reflexão comum o tema com que abri esta mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana, comunidade de paz. Com efeito, a primeira forma de comunhão entre pessoas é a que o amor suscita entre um homem e uma mulher decididos a unir-se estavelmente para construírem juntos uma nova família. Entretanto, os povos da terra também são chamados a instaurar entre si relações de solidariedade e colaboração, como convém em membros da única família humana”, também da atitude de um milhão e meio de espanhóis a manifestarem-se em Madrid contra o modo como o governo espanhol tem legislado contra a instituição familiar, e da audiência concedida por Bento XVI, a 9 de Fevereiro, no âmbito do congresso internacional “Mulher e homem, a totalidade do humanum”, a conferencista destacou o bem que é a família, cuja memória e testemunho queremos transmitir às outras famílias. Reuniu, dia 23 de Fevereiro, centena e meia de casais e pessoas singulares, no Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre, sob a presidência de D. José Alves, Administrador Apostólico da diocese. A jornada foi preparada e organizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. De igual modo, através de casos da vida real, imagens, testemunhos e dados estatísticos foi tecendo várias considerações sobre a família no mundo actual, de forma a revelar o projecto de Deus que, ao instituir a família humana, quis a felicidade do homem e da mulher, salientando: “A família desenvolve-se a partir de um par – mulher e homem, que sendo diferentes, se unem num projecto, numa aliança – e que com todos os que nela nascem, crescem e envelhecem, dá origem a uma rede extensa e complexa de relações e laços”. Com efeito, uma das funções principais e, portanto, uma das suas principais responsabilidades é a educação e a formação das pessoas. Na família dão-se múltiplas e exclusivas aprendizagens estruturantes da personalidade, as quais são fundamentais para a aquisição de outros saberes mais formais. A família tem condições para fazer isto eficazmente porque é “próxima, porque ama, porque envolve e inclui”. Ao longo da exposição do tema foram focadas as diversas crises que podem surgir na vida de um casal, resultantes do medo, do compromisso, dos diferentes modelos de casamento, porque vivemos numa sociedade e uma cultura de risco, de consumo e individualista. Desde sempre a Igreja consciente do mandato de Jesus Cristo dirige-se à família para indicar os caminhos de Deus, e a Deus para pedir auxílio para cada família, em duas vertentes: acção e oração. A acção por meio da reflexão sobre o que é a família e intervenção concreta em defesa da família, urgente em muitas situações; a oração mantém o casal unido e ajuda a superar muitas dificuldades. A concluir, foi recordada a sábia afirmação de João Paulo II na Redemptor Hominis: “O homem não pode viver sem amor”, e foi lançado um forte desafio a todos os casais: “O casamento e a família constituem hoje a batalha mais digna – e mais necessária – da condição humana”. De extrema importância são também estas afirmações de João Paulo II: “O desenvolvimento da humanidade passará sempre pela família”; “A família fundada sobre o matrimónio é património da humanidade”. Família – um compromisso para a vida Distrito de Portalegre – Que nos pode dizer sobre as maiores dificuldades que as famílias de hoje encontram? Teresa Ribeiro – Encontram em primeiro lugar a dificuldade da conciliação família – trabalho, porque na maioria dos casos quer a mãe, quer o pai trabalham. Conciliar estas duas realidades é difícil, em termos de tempo e em termos de disponibilidade, às vezes até mental. Outra dificuldade é entender o casamento e a família como um compromisso, pelo qual devemos lutar mesmo que as dificuldades e as crises surjam e surgem inevitavelmente. Em terceiro lugar está a envolvente toda, as questões ideológicas, políticas e sociais que geram uma mentalidade que vai muitas vezes contra os valores que nós até gostaríamos de transmitir aos nossos filhos e de ser como casal. D.P. – Porque é que os jovens de hoje colocam tantas dificuldades em assumir uma relação estável, uma relação matrimonial? T.R. – Há expectativas irrealistas sobre o que é o casamento… O casamento não é… é impossível encontrar alguém perfeito. Importa entender que o casamento implica também aceitar e perdoar… parece que isto não está no esquema da maioria dos casais, ou seja, tem que se ser sempre feliz. Por outro lado, vai-se adiando, deixa-se sempre para mais tarde, como que se fica à espera do encontro certo e o encontro certo é tão exigente que nunca se dá… E quando se dá não corresponde às expectativas que tínhamos. D.P. – Há hoje uma crise de autoridade… T.R. – É fruto da época em que vivemos. Igualmente é fruto da falta de tempo, do excesso de actividades, que faz que a paciência não exista também muitas vezes com os pais e dos pais relativamente aos filhos. Custa dizer não, mas acaba por se ganhar em se dizer que não, um não explicado na altura certa. D.P. – A família continua a ser um valor? T.R. – O mais possível, (risos) sempre. E acho que das famílias que tivermos assim, também terão as pessoas e a sociedade que iremos ter no futuro!…

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