Sínodo: Experiência de diálogo pode ser inspiração para responsáveis mundiais, em busca da paz

Responsáveis de outras Igrejas cristãs sublinham importância da dimensão ecuménica na assembleia sinodal

Foto: Ricardo Perna

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 26 out 2023 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Polaca, D. Stanislaw Gadecki, disse hoje que o método adotado no processo sinodal, desde a consulta alargada de 2021, permitiu “evitar discórdias” e abrir caminhos para a escuta das opiniões diferentes.

“É uma experiência que pode ser útil para o mundo”, indicou o arcebispo de Poznan.

Para o responsável católico, a alternância entre intervenções, espaços de escuta e de silêncio permite colocar em confronto as próprias ideias com as de outras pessoas, sem “agressividade”.

Para D. Stanislaw Gadecki, este exemplo que pode alargar-se a outros âmbitos da sociedade, num mundo em guerra, e no diálogo ecuménico

“Neste Sínodo, mostrou-se este novo método de falar com o Espírito Santo”, acrescentou.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, começou a 4 de outubro e decorre até sábado; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

Num comentário sobre os trabalhos, o presidente da Conferência Episcopal Polaca referiu que o debate decorreu “pacificamente”, dado que “não se procuravam as diferenças, os pontos de ataque”.

“Tudo permanece ainda em aberto”, acrescentou.

O encontro diário com os jornalistas contou com a presença do cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé), o qual destacou a presença de representantes de outras Igrejas, num sinal de valorização da dignidade comum do Batismo.

“Há uma relação mútua entre ecumenismo e sinodalidade”, sustentou.

Para o colaborador do Papa, é importante aprender formas de viver a sinodalidade e a colegialidade, com outras Igrejas.

Iosif, metropolita ortodoxo romeno da Europa ocidental e meridional, delegado fraterno no Sínodo, aludiu, por sua vez, ao debate sobre a relação entre a sinodalidade e o primado.

O responsável apontou à passagem de uma “relação de tensão” para uma “relação fraternal” entre as várias comunidades cristãs, agradecendo o convite para participar neste Sínodo.

“Isso mostra que todos procuramos o que nos une”, indicou.

Opoku Onyinah, ganês, delegado fraterno da Igreja Pentecostal, falou de um processo “transparente” do Sínodo, com abertura à participação de todos, sem “intimidação”.

“Vejo isto como um sinal de maturidade, ao mais alto nível, por parte da Igreja Católica”, afirmou.

A canadiana Catherine Clifford, professora de teologia e membro da Comissão Internacional para o Diálogo Católico-Metodista, aludiu ao debate sobre o “exercício do primado papal”, neste campo ecuménico, lançado por São João Paulo II na sua encíclica ‘Ut unum sint’ (Que sejam um), de 1995.

A especialista também sublinhou a necessidade de aprender com a tradição sinodal da Igreja Ortodoxa, falando no objetivo de equilibrar o primado e a colegialidade, no governo da Igreja, ao desenvolver estruturais sinodais que “promovam a participação plena”.

Questionada sobre as críticas ao clericalismo, lançadas pelo Papa esta quarta-feira, Catherine Clifford defendeu a importância da formação a todos os níveis, com especial atenção aos candidatos ao sacerdócio, para aprofundar a noção de uma “Igreja sinodal”.

A teóloga convidou ainda a “ouvir a tradição viva das Igrejas Orientais” sobre a possibilidade de ordenar homens casados, tendo o metropolita Iosif referido que a Igreja Católica poderia aprender com a experiência ortodoxa, neste campo.

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), adiantou que esta manhã foi apresentado “esboço do relatório de síntese” foi debatido pelos grupos linguísticos, um “documento transitório” rumo à segunda sessão, em 2024, com cerca de 40 páginas.

A assembleia sinodal, presidida pelo Papa, tem 365 votantes, entre eles 54 mulheres, a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras Igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

“Está previsto que a assembleia seja composta pelos mesmos membros”, adiantou Paolo Ruffini.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada pelo seu presidente e vice-presidente, respetivamente D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes.

OC

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Agência ECCLESIA

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