Papa antecipa processo de beatificação da Irmã Lúcia

Cardeal Saraiva Martins anuncia em Coimbra decisão de Bento XVI, no dia do terceiro aniversário da morte da Vidente Bento XVI decidiu antecipar o início do processo de beatificação da Irmã Lúcia, após aceitar o pedido de dispensa do período de espera de cinco anos após a morte da Vidente de Fátima. O aguardado anúncio foi feito esta Quinta-feira, de forma oficial, no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, pelo Cardeal José Saraiva Martins. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos revelou, no final da Eucaristia a que presidiu esta tarde, que era portador de uma notícia “sensacional”, a dispensa dos dois anos que ainda faltavam para cumprir o prazo estabelecido pelo Direito Canónico. O Papa, “tendo em conta numerosos pedidos vindos de todo o mundo, dignou-se benevolamente a conceder a dispensa de dois anos que foi pedida por D. Albino Mamede Cleto, Bispo de Coimbra, permitindo assim que a causa de beatificação e canonização da Irmã Lúcia, depositária das aparições de Fátima, possa começar quanto antes”, disse o Cardeal português no dia em que se completavam três anos sobre a morte da Vidente. Uma salva de palmas da assembleia sublinhou este momento, que era aguardado com grande expectativa. D. José Saraiva Martins considerou uma “grande honra” anunciar este facto “deveras importante, relativo ao processo de beatificação e canonização da Irmã Lúcia dos Santos, Carmelita, conhecida em todo o mundo por ser a mais velha dos Videntes de Fátima”. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos trouxe consigo o decreto deste Dicastério que permite ao Bispo de Coimbra dar início ao processo “de imediato”. O documento, com data de 3 de Fevereiro, revela que a decisão foi tomada após uma audiência particular com o Cardeal Saraiva Martins, no dia 17 de Dezembro de 2007. As normas canónicas actualmente em vigor exigem um período de espera de cinco anos após a morte, que fica assim reduzido em dois anos, para o caso de Lúcia. Uma situação semelhante apenas acontecera, nos anos recentes, com os processos de Madre Teresa de Calcutá e do Papa João Paulo II. Aos bispos diocesanos compete o direito de investigar acerca da vida, virtudes ou martírio e fama de santidade ou de martírio, milagres aduzidos, e ainda, se for o caso, do culto antigo do Servo de Deus, cuja canonização se pede. Este levantamento de informações é enviado à Santa Sé. Se o exame dos documentos é positivo, o “servo de Deus” é proclamado “venerável”. A segunda etapa do processo consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão do “venerável”. Se um deste milagres é considerado autêntico, o “venerável” é considerado “beato”. Quando após a beatificação se verifica um outro milagre devidamente reconhecido, então o beato é proclamado “santo”. Sem milagre, mas… Em conversa com os jornalistas presentes no Carmelo, D. José Saraiva Martins repetiu a sua convicção pessoal de que a Irmã Lúcia era “uma Santa”, referindo que o parecer que transmitiu ao Papa sobre o pedido de dispensa foi “totalmente favorável”. “Não se chega a esta decisão de um dia para o outro”, assegura, frisando que há “confiança” de que este processo chegará a bom termo rapidamente. “Este dia ficará escrito com letras de ouro nos anais da Igreja”, apontou. Quanto ao milagre necessário para o bom andamento da Causa, o Cardeal português admite que “ainda não chegou a Roma nenhum caso”, mas mostrou-se convencido de que o mesmo acontecerá, porque estamos na presença “de alguém que vivia no mundo de Deus, no mundo da santidade”. A prioresa do Carmelo de Coimbra, Ir. Celina, gracejou com a situação, afirmando que “não sei como isso se faz”, colocando a existência de um eventual milagre “nas mãos de Deus”. A alegria, essa, “é muito grande”. Já Branca Paúl, a médica que tratou da Ir. Lúcia nos últimos anos de vida, refere que o maior milagre da religiosa foi ter feito de Fátima e de Portugal o “altar do mundo” sendo “uma mulher simples, humilde, encerrada em quatro paredes”. Protagonista de Fátima Na celebração do Carmelo de Fátima, completamente lotado, o Cardeal Saraiva Martins começou por afirmar que a Irmã Lúcia foi a “grande protagonista dos acontecimentos da Cova da Iria”. Posteriormente, na sua homilia, este responsável frisou que, nesta “ocasião muito significativa”, é importante “levantar o nosso olhar para o Céu” e combater a “amnésia da eternidade” que afecta a sociedade do nosso tempo. O Cardeal português associou o convite à oração e à penitência feitos em Fátima à celebração do tempo quaresmal, que se vive agora na Igreja, contra a “mobilidade e o consumismo” e a “perda dos valores absolutos”. Coimbra em festa D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, manifestamente feliz com esta novidade, revelou à Agência ECCLESIA que o “primeiro passo” ultrapassou as suas expectativas, dado que além da dispensa, o Cardeal Saraiva Martins trouxe consigo o decreto de abertura do processo. Agora, o prelado tem em mãos decisões processuais, como a “escolha do postulador”, sempre em consonância com as Irmãs do Carmelo. Para D. Albino este dia “ficará para sempre” e consagra a relação de Lúcia com a cidade de Coimbra, convidando os conimbricenses a “acompanharem os passos através dos quais vamos pedir a Deus a bênção para este caminho”. Anúncio do Cardeal Saraiva Martins

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