Mongólia: Papa enviou saudação ao «nobre povo» da China

Francisco falou de mãos dadas com dois responsáveis da Diocese de Hong Kong

Foto: Lusa/EPA

Ulan Bator, 03 set 2023 (Ecclesia) – O Papa enviou hoje, desde a capital da Mongólia, uma saudação ao “nobre povo da China”, falando no final da Missa a que presidiu esta tarde em Ulan Bator.

Francisco chamou para junto da cadeira da presidência, no altar, o cardeal John Tong Hon, bispo emérito de Hong Kong, e o seu sucessor, o futuro cardeal Stephen Chow, atual responsável da diocese chinesa, apresentando aos participantes na celebração os seus “irmãos bispos”.

“Gostaria de aproveitar a sua presença para enviar uma calorosa saudação ao nobre povo chinês. Desejo o melhor a todo o povo, que sigam em frente, que progridam sempre”, disse, numa intervenção espontânea.

“E aos católicos chineses, peço que sejam bons cristãos e bons cidadãos”, acrescentou.

De mãos dadas com os dois responsáveis, o Papa sublinhou o gesto de saudação ao povo chinês, sublinhado com uma salva de palmas dos cerca de 2 mil participantes reunidos na Arena Estepe, entre eles membros da comunidade católica na China.

Foto: Vatican Media

Francisco agradeceu aos dois responsáveis da Diocese de Hong Kong, “um jesuíta e um salesiano”.

A intervenção saudou, em seguida, a pequena comunidade católica da Mongólia, com cerca de 1500 pessoas, cerca de 0,04% da população local.

“Obrigado porque sois bons cristãos e cidadãos honestos. Avancem com mansidão, sem medo, sentindo a proximidade e o encorajamento de toda a Igreja”, sublinhou o primeiro Papa a visitar o país.

Continuemos a crescer juntos na fraternidade, como sementes de paz num mundo tristemente marcado por tantas guerras e conflitos”.

A viagem ao “coração da Ásia”, como foi apresentada pelo Papa, tinha deixado este sábado uma mensagem países vizinhos da Mongólia.

“Os governos e as instituições seculares nada têm a temer da ação evangelizadora da Igreja, porque esta não tem uma agenda política a concretizar, mas conhece só a força humilde da graça de Deus e duma Palavra de misericórdia e verdade, capaz de promover o bem de todos”, disse Francisco.

Na viagem desde Roma, iniciada na tarde de quinta-feira, o Papa enviou uma mensagem aos líderes de cada país que sobrevoou, incluindo a China, escrevendo ao presidente Xi Jinping.

“Assegurando as minhas orações pelo bem-estar da nação, invoco sobre vós as bênçãos divinas de unidade e paz”, referia o texto.

Em resposta, o governo chinês mostrou-se disponível para melhorar as relações com o Vaticano.

“Nos últimos anos, a China e o Vaticano mantiveram contactos e a China está disposta a manter um espírito de conciliação com o Vaticano, envolver-se num diálogo construtivo, reforçar a compreensão e a confiança mútua e promover o processo de melhoria das relações bilaterais”, afirmou Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros.

A 24 de maio, festa da padroeira da China, Maria Auxiliadora, o Papa pediu que as comunidades católicas do país tenham “liberdade” para anunciar a sua fé.

“Convido todos a elevar orações a Deus, para que a Boa Nova de Cristo crucificado e ressuscitado possa ser anunciada na sua plenitude, beleza e liberdade, dando frutos para o bem da Igreja Católica e de toda a sociedade chinesa”, disse, na Praça de São Pedro.

Uma semana antes, durante a audiência geral, Francisco tinha afirmado que a China é o “país decisivo” para a missão da Igreja na Ásia.

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.

Um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, entre o Vaticano e Pequim, foi assumido a 22 de setembro de 2018 e entrou em vigor um mês depois, sendo renovado a cada dois anos.

O secretário de Estado do Vaticano admitiu que gostaria de ver aberto um “escritório de ligação estável da Santa Sé na China” para que o diálogo possa ser “mais fluido e frutífero”, favorecendo esse mesmo diálogo com “as autoridades civis, mas também contribuiria para a plena reconciliação dentro da Igreja chinesa e para o seu caminho em direção a uma desejável normalidade”.

Em 2022, o Vaticano criticou a detenção, durante algumas horas, do cardeal Joseph Zen Ze-kiun, que de 2002 a 2009 foi bispo de Hong Kong, sob a acusação de colaborar com forças estrangeiras.

OC

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Agência ECCLESIA

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