Jesus Cristo reina em nós
Neste último domingo do ano litúrgico, Solenidade de Cristo Rei, a Palavra de Deus convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus, em particular no quadro que Lucas nos apresenta no Evangelho.
Aí está a famosa inscrição plena de ironia, que define Jesus como «Rei dos Judeus»: Ele não está sentado num trono, mas pregado numa cruz; não aparece rodeado de súbditos fiéis que O incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que O escarnecem; Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena.
Mas essa inscrição da cruz descreve com exatidão a situação de Jesus na perspetiva de Deus: Ele é o rei que, da cruz, preside a um Reino de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida. Neste quadro, explica-se a lógica desse Reino de Deus que Jesus veio propor aos homens.
O quadro é completado por uma cena bem significativa para entender o sentido da realeza de Jesus. Ao lado de Jesus estão dois malfeitores, crucificados como Ele. Jesus é insultado por um, a representar aqueles que recusam a proposta do Reino. O outro pede: «Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza». A resposta de Jesus a este pedido – «hoje mesmo estarás comigo no paraíso» – indica que a salvação definitiva começa a tornar-se realidade a partir da cruz. Na cruz manifesta-se plenamente a realeza de Jesus que é perdão, renovação do homem, vida plena; e essa realeza de salvação abarca todos sem exceção, mesmo os condenados e excluídos.
Celebrar a festa de Cristo Rei do Universo é celebrar um Deus de amor e de misericórdia que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.
A todos nós, que somos Igreja de Jesus, ainda nos falta muita coisa para interiorizar a lógica da realeza de Jesus. A Igreja precisa de contínua purificação e conversão, de renovar a atitude de serviço e de acolhimento, sempre na contemplação do Senhor na cruz, que é contemplação de tantos próximos crucificados na vida.
Jesus Cristo reina nos nossos corações e nas nossas comunidades, em toda a Igreja e no mundo, sempre na plena oblação da cruz.
Procuremos viver este reino tal como rezamos no prefácio da solenidade de hoje: «reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino de justiça, do amor e da paz».
Procuremos ser fiéis e felizes ao único Senhor das nossas vidas, que nos fecunda com todo o seu amor.
Manuel Barbosa, scj
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