Sínodo 2021-2023: «Parece muito positivo que a Igreja, enquanto instituição, tome consciência» da comunidade digital – padre Paulo Duarte

Sacerdote jesuíta foi chamado a colaborar na divulgação de inquérito nas redes digitais

Lisboa, 21 set 2022 (Ecclesia) – O padre Paulo Duarte, sacerdote jesuíta e único português convidado para a promoção do inquérito do sínodo 2021-2023 nas redes digitais, disse à Agência ECCLESIA que é “positivo a Igreja, enquanto instituição, tomar consciência desta comunidade” e que se percebe no relatório a “necessidade de espiritualidade”.

“Tenho noção de que éramos mais de 200 influenciadores envolvidos do mundo inteiro, sendo eu o único português, e nesta síntese do relatório houve coisas que não me trouxeram novidade porque sei o que dizem as pessoas que me escrevem e pedem ajuda, sei o que vão pensando, as dificuldades, mas o que me parece muito positivo é que a Igreja, enquanto instituição, tome consciência desta comunidade”, realçou.

O religioso, presente nas redes sociais há vários anos, conta com mais de 20 mil seguidores e foi “surpreendido” pelo convite para colaborar na divulgação deste inquérito junto das suas redes.

“Surgiu o meu nome porque se aperceberam da minha presença nas redes e pelo número de seguidores mas não me surpreende que a igreja esteja atenta a este novo espaço”, refere. 

A iniciativa ‘A Igreja escuta-te’ foi promovida pelo Dicastério para a Comunicação, da Santa Sé, e a Rede Informática da Igreja na América Latina, tendo recolhido contributos em sete línguas, incluindo o português.

Do questionário online promovido por 244 “influenciadores” e missionários digitais foi elaborado um relatório que o padre Paulo Duarte analisou e destaca a “necessidade de espiritualidade” apontada por quem se pronunciou. 

Das coisas importantes é perceber que se as pessoas não tivessem essa necessidade espiritual, que não quer dizer que passe já por Igreja ou clerical, nem se davam ao trabalho de responder a este inquérito e essa é uma das leituras interessantes a fazer”.

O sacerdote defende que o “digital evoca as pessoas reais, que aproveitam os meios digitais para manifestar coisas que nos seus meios, paroquiais ou comunitários ou que podem nem os ter, não tem capacidade de o fazer”. 

O inquérito também tinha a possibilidade “de respostas abertas” e sendo convocado numa fase depois da pandemia, “fase muito agitada”, segundo o sacerdote “levou a questionar muitas coisas e onde a dimensão da espiritualidade aumentou”.

“Nota-se, por exemplo, que houve um número grande de pessoas agnósticas ou não crentes que foram responder”, indica o entrevistado.

O padre Paulo Duarte acredita que “pedir a alguém que está fora para dizer a forma como nos vê” faz com que haja informação desde uma nova perspectiva, com um convite a ajuste com sentido, a uma nova “forma de crescer” em Igreja e em sociedade.

A partir deste relatório, “fazer chegar ao sínodo esta informação é muito positivo”, reforça.

Considerando o mundo digital como “terra de missão e um desafio imenso”, o sacerdote jesuíta, apelidado pelo relatório como “missionário digital”, sente uma “grande responsabilidade” no impacto que pode ter. 

“Este foi um reconhecimento para um trabalho que continua. Estou nas redes há bastante tempo e tem havido muita aprendizagem. Nas redes temos de estar sempre a aprender como um verdadeiro missionário digital, sem perder a noção da identidade profunda, a de anunciar Jesus e a sua boa nova, sem impor”, sublinha.

O Sínodo 2021-2023 foi convocado por Francisco e começou com uma etapa local, nas várias dioceses e movimentos católicos, que resultaram num relatório nacional, enviado para o Vaticano; a segunda fase é a chamada “etapa continental”, que vai produzir nova reflexão, antes do encontro mundial presidido pelo Papa, em outubro do próximo ano.

SN

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Agência ECCLESIA

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