Proteção de Menores: Comissão independente quer envolver os jovens católicos na prevenção de abusos sexuais

Psiquiatra Daniel Sampaio explicou que objetivo é «divulgar a mensagem e ter uma atitude preventiva junto dos jovens»

Foto: Lusa

Lisboa, 19 mai 2022 (Ecclesia) – A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal anunciou que vai envolver os jovens de movimentos católicos na prevenção destas situações, a partir de setembro.

O objetivo é que os jovens possam divulgar a “mensagem e ter uma atitude preventiva junto dos jovens, explicando o problema e possam ser os embaixadores da comissão em diversos contextos onde eles se possam movimentar”, explicou Daniel Sampaio, que participou, esta quarta-feira, na conferência/debate ‘Infância e Adolescência: Trauma, Assédio e Abuso Sexual’, no polo de Braga da Universidade Católica Portuguesa.

O psiquiatra, que integra a equipa da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, que foi criada por iniciativa da Conferência Episcopal, considera que é fundamental reforçar a educação sexual nas escolas para a prevenção de situações de abuso, informa a Renascença.

“Esta é uma dimensão preventiva muito importante em relação por exemplo à violência do namoro e a questões de dificuldades na sexualidade”, acrescentou, referiu a necessidade de outras instituições seguirem o exemplo da Igreja Católica “no combate e prevenção de abusos sexuais.

Para Daniel Sampaio “é fundamental” que a sociedade se empenhe neste tema do combate e da prevenção de abusos sexuais.

“Sendo a Igreja que tomou a iniciativa, é mais importante que outras estruturas possam tomar a iniciativa, nós vamos recomendar isso, com certeza”, acrescentou o psiquiatra.

Aos jornalistas, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, que coordena a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, destacou a importância de terem acesso aos arquivos diocesanos para o estudo desta realidade e sublinhou que o número de vítimas pode ser maior do que os 326 testemunhos recebidos.

“Significa que a equipa de historiadores que nós convocámos para este trabalho possam ter acesso em cada diocese, respeitando as diferenciações de lei canónica e de direito civil, aos arquivos que podem existir sobre esta matéria, quer tenhamos ou não conhecimento”, explicou o responsável, que também participou na conferência/debate em Braga.

Segundo Pedro Strecht, “há uma distância muito grande entre o número de testemunhos e as centenas de vítimas” que sabem existir.

“Temos muito mais vítimas do que as mais de três centenas de testemunhos, porque, na maior parte dos testemunhos, as pessoas indicam com alto grau de certeza e, às vezes, com total frontalidade – até descrevendo nomes – de outras vítima”, acrescentou, informa a emissora católica portuguesa.

A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, promoveu a apresentação pública da equipa e plano de trabalho, divulgando contactos para recolher denúncias e testemunhas de vítimas, no dia 10 de janeiro.

O organismo, criado por iniciativa da Conferência Episcopal, promoveu o colóquioAbuso sexual de crianças: Conhecer o passado, cuidar do futuro’, no dia 10 de maio, em Lisboa.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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