Angra: Série televisiva promoveu debate sobre vivência da fé na atualidade

Primeiro programa contou com a participação de professores universitários, um padre e um escritor

Angra do Heroísmo, Açores, 06 mai 2022 (Ecclesia) – A série ‘Igreja e Sociedade’, da Diocese de Angra e da RTP Açores, começou esta quinta-feira com um programa dedicado à “fé”, no qual se destacou a ideia que a Igreja Católica “deve ser capaz de adotar linguagens novas adaptadas ao tempo presente”.

“O tempo presente pede outras formas de dizer e de expressar culturalmente esta mesma fé. Entre os desafios da Igreja está o de ser produtora de cultura, em vez de contradizer a sua catolicidade, sem ser unívoca, capaz de construir pontes como decorre do Evangelho”, disse o diretor da revista ‘Brotéria’, o padre José Frazão Correia, jesuíta.

No debate, o religioso salientou que se vive uma “mudança epocal” e esta mudança pede “liberdade, criatividade e ousadia à Igreja para não repetir práticas”.

O portal ‘Igreja Açores’ adianta que o programa sublinhou a necessidade de “combater” uma marginalidade a que a comunidade católica se sujeitou.

Para o professor João Ferrão (Universidade de Lisboa), a Igreja tem de “coalescer agendas”, o que leva “a uma Igreja mais cidadã”, sem “insistir em agendas marginais”, para não estar “desfasada das questões concretas do quotidiano”.

“A minha grande crença é que é necessário ter fé hoje; é fundamental repor crenças mobilizadoras ao serviço de causas comuns: precisamos de mais espiritualidade e de mais humanidade”, salientou João Ferrão, referindo-se aos crentes e não-crentes.

A série televisiva ‘Igreja e Sociedade’ resulta de uma parceria entre o Instituto Católico de Cultura da Diocese de Angra e a RTP Açores, com o apoio do Santuário do Senhor Santo Cristo; nesta segunda edição, os participantes refletem sobre “a fé, os jovens e os pobres hoje”, no contexto pós-pandémico.

O teólogo Juan Ambrosio, professor da Universidade Católica Portuguesa, salientou que para chegar a Deus, “ao seu mistério”, é necessário “embrenhar na humanidade”, isto é, “não se chega a Deus sem se chegar ao humano”.

“Só é possível ter fé hoje, agora se a fé é vivida com categorias e imagens que dizem pouco ao hoje torna-se irrelevante pois a fé, tal como a concebemos, tem de trazer significado para a vida das pessoas”, acrescentou, referindo que a opção crente tem que “ser declinada na primeira pessoa: no singular e no plural”..

O escritor Joel Neto, natural dos Açores, afirmou que “Deus não está morto, assim como a história também não acabou”.

“Eu gostava de ver a Igreja Católica mais embrenhada nos problemas concretos das pessoas”, disse o autor, que participou na condição de ateu, dando como exemplos as situações de pobreza, os problemas sociais do emprego, a educação ou a exclusão social.

O portal ‘Igreja Açores’ informa que esta segunda série de ‘Igreja e Sociedade’ conta com mais dois programas – sobre o futuro dos jovens e sobre a pobreza e os pobres de hoje” -, nas próximas quintas-feiras, respetivamente a 12 e 19 de maio, pelas 21h15 locais.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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