Alentejo: Visita pascal em Mora é uma nova tradição que aproxima a comunidade e combate a solidão (c/vídeo)

Padre Nelson Fernandes realiza «algumas tradições do Norte» para «avivar e celebrar melhor a Páscoa»

Lisboa, 19 dabr 2022 (Ecclesia) – O pároco de Cabeção, Mora e Pavia (Arquidiocese de Évora) vai realizar a visita pascal nos próximos domingos e feriados, uma tradição que, desde 2017, ajuda a “compreender que a Páscoa são 50 dias”.

“Quando cheguei às paróquias do Concelho de Mora, quando fui colocado como diácono e depois já como pároco, decidi começar a trazer algumas tradições do Norte para avivar um pouco mais e celebrar melhor a Páscoa”, explicou o padre Nelson Fernandes, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O sacerdote da Arquidiocese de Évora é natural de Vila Verde (Distrito de Braga), onde a visita pascal é uma “tradição secular profundamente enraizada”, e recorda que na primeira Semana Santa na catedral eborense ficou “muito impressionado pela grande quantidade de católicos” que se juntavam para celebrar esses dias.

“São celebrações intensas, vividas, desde a procissão dos Passos, o enterro do Senhor, a vigília pascal, mas era preciso dar o passo, chegava ao domingo de Páscoa, tínhamos a celebração da eucaristia e ficava por ali. 40 dias de preparação e as pessoas ficavam um bocadinho com a noção de que a Páscoa acabava”, explicou em entrevista ao programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

Ao sentir que faltava a “expressão pública” para compreenderem que a Páscoa são 50 dias, o padre Nelson Fernandes decidiu começar a visita pascal nas suas comunidades – Mora, Pavia, Cabeção e Malarranha -, em 2017, e esta manifestação pública realiza-se aos domingos, e até feriados, durante o Tempo Pascal, que termina na solenidade de Pentecostes.

“Para poder estar em todas as visitas pascais e não ter de delegar em nenhum leigo, diácono, ou outra pessoa: Prevalece o contacto pessoal com as famílias e com toda a comunidade”, desenvolveu.

Na próxima segunda-feira, feriado nacional do 25 de abril, vai decorrer visita pascal em Pavia, e nas outras três comunidades estão agendadas para os domingos; em Mora realiza-se em dois domingos pelo elevado número de inscrições, nos dias 24 de abril e 1 de maio.

Esta dinâmica é realizada com o grupo de jovens e os acólitos.

Opadre Nelson Fernandes explica que em Mora, Cabeção e Pavia, fazem “tudo a pé, pela vila”, com a campainha, a cruz ornamentada, enquanto na comunidade “isolada” de Malarranha, “um meio rural a 30 quilómetros de Mora”, têm de fazer o percurso quase todo de carro.

Torna-se mais entusiasmante levar este anúncio, as pessoas acabam por estar mais isoladas, é difícil encontrarem-se com alguém durante a semana, estão nos seus montes. E, curiosamente, é onde tem um dos maiores números de pessoas que querem que passe pelas suas casas”.

O sacerdote explicou às pessoas que na visita pascal anunciam “Cristo ressuscitado”, com o crucifixo ornamentado, “símbolo de ressurreição”, a bênção nas casas, a oração, e a presença do pároco que “representa toda a comunidade, sobretudo do grupo de jovens e dos acólitos que rezam em conjunto e dinamizam através de cânticos”.

O padre Nelson Fernandes alertou também para a solidão e revela que, em algumas comunidades, viu “casas completamente vazias, com uma viúva, os filhos vivem no estrangeiro, em Lisboa”, a realidade concreta da desertificação e da solidão.

“Só se tem noção quando vamos, falamos, quando visitamos. Só no primeiro ano de visita pascal tive noção da quantidade de pessoas que vivem sós”, referiu o pároco de Cabeção, Mora e Pavia e da comunidade de Malarranha.

PR/CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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