Espanha: Família fugiu do Paquistão e denuncia «pressão e violência» para conversão dos cristãos ao Islão – Fundação AIS

Marta e David agradecem por viver «num lugar seguro», com «liberdade de religião e liberdade de expressão»

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

Lisboa, 31 mar 2022 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresentou o testemunho de Marta e David, uma família cristã fugida do Paquistão, por se recusar converter ao Islão, que assume a responsabilidade de denunciar situações de “pressão e violência”.

“Tivemos a sorte de conseguir fugir e agora estamos num lugar seguro onde temos liberdade de religião e liberdade de expressão”, conta o casal David e Marta que, com os seus três filhos, testemunharam o significado de perseguição religiosa.

A sua história remonta há três anos, quando Marta trabalhava numa ONG e o marido, era chefe regional numa empresa conceituada, indica um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

“Tínhamos uma vida muito tranquila e feliz. Alguns dos colegas muçulmanos tinham ciúmes dele, não gostavam que um cristão fosse o seu chefe, por isso colocaram obstáculos. Todos os dias recebia chamadas e ameaças para deixar o emprego ou abraçar o Islão. Denunciámo-lo às chefias da empresa, mas ninguém estava disposto a ouvir, porque os extremistas islâmicos são muito fortes”, explica Marta que partilhou o seu testemunho numa iniciativa da FAIS, onde diferentes relatos deram conta de perseguições religiosas.

Aos poucos, recorda o casal, a vida foi-se tornando mais difícil.

“Acusaram-me de querer converter ao cristianismo alguns colegas de trabalho. Ao meu marido, mandaram parar o carro com uma arma apontada, dizendo-lhe para deixar o trabalho ou converter-se ao Islão. As crianças deixaram de ir à escola para evitar o rapto. Com medo, ficámos presos em casa durante várias semanas…”, recorda Marta.

Percebendo que se tornava “insustentável” a vida no Paquistão, o casal iniciou diligências para encontrar uma saída, falando com autoridades da Igreja, com o presidente da empresa onde o marido trabalhava, com políticos cristãos, pessoas influentes, mas “ninguém podia tomar medidas contra estas pessoas”.

Marta e David afirmaram que renunciar ao cristianismo “estava fora de questão” e decidiu por isso deixar o Paquistão.

“Foi uma decisão difícil, mas para dar um futuro seguro para os nossos filhos, tivemos que fazê-lo”, recordam.

Partiram para Barcelona, em Espanha, há três anos, e pediram asilo às autoridades, tendo sido concedido um visto de residência.

“Durante um ano tiveram o apoio da Cruz Vermelha, que agradecem profundamente, assim como de todos os que os ajudaram a instalar-se e a recomeçar a vida num país tão distante. Mas nada está ainda garantido”, indica o comunicado.

“Há muitos cristãos que enfrentam perseguições muito fortes, mas não podem sair do país por falta de recursos. No nosso país há raparigas menores que são raptadas e forçadas a converterem-se ao Islão, que são casadas à força e sujeitas a violação”, indica o casal.

Agradecidos por terem conseguido estabelecer-se em Barcelona, Marta e David reconhecem “a sorte de conseguir fugir”, de hoje estarem num “lugar seguro”, mas assumem a responsabilidade de denunciar situações de “pressão, de violência, de abuso”.

“Os cristãos têm um problema real, enfrentam dificuldades e deve ser dado asilo prioritário àqueles que conseguem chegar a Espanha”, defendem.

A «Noite dos Testemunhos», organizada pela FAIS, contou ainda com a partilha da Irmã Glória Narvaéz Argoti, uma religiosa franciscana que esteve quase cinco anos em cativeiro no Mali, apos ter sido raptada por um grupo jihadista.

LS

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Agência ECCLESIA

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