Ucrânia: «Há cada vez mais pessoas que procuram a Igreja, para poder sobreviver» – Fundação AIS

Igrejas acolhem população que foge das bombas e distribuem ajuda de emergência

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 09 mar 2022 (Ecclesia) -Catarina Martins Bettencourt, diretora do secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), destacou o papel das Igrejas cristãs na resposta à crise provocada pela guerra na Ucrânia.

“O testemunho que temos recebido dos nossos parceiros no terreno é que há cada vez mais pessoas que procuram a Igreja, para poder sobreviver”, disse a responsável à Agência ECCLESIA.

Catarina Martins Bettencourt destaca que os vários ritos das Igrejas Cristãs presentes no país do leste europeu estão “unidos” para ajudar as comunidades na sua sobrevivência.

Paulo Aido, jornalista da AIS, fala, por sua vez, numa “corrente solidária”.

“Muitos padres, muitos bispos transformaram as caves das suas igrejas em bunkers, para apoiar as populações. Alguns estão refugiados, lá”, precisa, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

A fundação pontifícia divulgou esta quarta-feira um depoimento do bispo de Odessa, na costa do Mar Negro, sul da Ucrânia, sobre o momento “muito assustador” que se vive na região.

“Estamos a dormir num abrigo, numa cave, mas durante o dia estamos aqui e podemos rezar e trabalhar livremente”, explica D. Stanislav Szyrokoradiuk, num curto vídeo enviado à AIS.

Segundo a organização católica, esta cidade “prepara-se para o pior” e as caves das igrejas estão a ser adaptadas para abrigar a população.

“Organizamos um espaço para refugiados. Algumas crianças e famílias jovens com crianças, estão a viver lá. Cuidamos dessas pessoas”, indica o bispo de Odessa.

Foto: Fundação AIS

D. Stanislav Szyrokoradiuk destaca que a presença de padres nas igrejas é “de grande importância” para as pessoas, com celebrações diárias por todos os que morreram.

“Além disso, há [nas igrejas] pacotes alimentares, outros bens essenciais e refeições quentes. As caves debaixo das igrejas estão sempre abertas e disponíveis para as pessoas se refugiarem”, acrescenta.

O núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) na Ucrânia, D. Visvaldas Kulbokas, concedeu uma entrevista à AIS, denunciando uma “crise humana muito grave” em Kiev e várias outras cidades.

“Sou contactado por muitas pessoas, recebemos pedidos e ofertas de ajuda humanitária que, num momento, como este são muito difíceis de organizar. Em Kiev, as pessoas circulam nas ruas, apesar de ser perigoso”, relatou.

Quanto ao apoio do Papa, o núncio apostólico considerou que Francisco “está a fazer todos os possíveis para pôr fim a esta guerra”.

“Não apenas com palavras, porque sei muito bem que ele está a procurar todos as estradas possíveis para a Igreja, espirituais e diplomáticas. Tudo o que é humanamente possível para contribuir para a paz”, indicou.

PR/OC

A cruz escondida

 

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Agência ECCLESIA

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