Moçambique: Líderes religiosos de Pemba denunciam crise causada pela violência terrorista

Responsáveis cristãos e muçulmanos demarcam-se de atos violentos

Foto: Lusa

Cabo Delgado, Moçambique, 04 jan 2022 (Ecclesia) – Os líderes religiosos da Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, emitiram esta segunda-feira uma declaração conjunta para denunciar a crise pela violência terrorista na região, particularmente em Pemba.

“A província encontra-se numa crise humanitária profunda, causada pela violência terrorista, em uma regressão dos indicadores de desenvolvimento integral também agravada pelas consequências das medidas restritivas de prevenção contra a pandemia da Covid-19”, refere o texto, enviado hoje à Agência ECCLESIA.

Cabo Delgado é palco, há mais de quatro anos, de ataques de rebeldes armados, alguns dos quais associados ao autointitulado ‘Estado Islâmico’.

A posição dos líderes religiosos rejeita que sejam atribuídos “atos terroristas à religião muçulmana e qualquer afirmação que associe tais atos aos princípios do Islão”.

“Repudiamos e distanciamo-nos dos atos e das pessoas que deturpam as doutrinas religiosas para justificarem qualquer tipo de violência”, pode ler-se.

O conflito já provocou mais de 3100 mortes e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades locais e organizações internacionais.

As comunidades religiosas mostram-se disponíveis para “colaborar com o governo, as instituições e organizações do bem dedicadas a causa do estabelecimento da Paz na Província de Cabo Delgado”.

“Declaramos a nossa forte união perante qualquer ameaça de rotura e o nosso unânime repúdio aos atos terroristas e extremistas, assim como o nosso compromisso para caminharmos lado a lado em prol da paz e da fraternidade”, indicam os responsáveis cristãos e muçulmanos.

A posição conjunta enumera vários “fatores preocupantes” para a população, como “as desigualdades sociais que a província atesta historicamente, o elevado índice de analfabetismo, a crise de valores ético-morais e as polarizações étnicas e religiosas”.

Os signatários apelam a uma visão positiva da religião, demarcando-se da violência e dos preconceitos, defendendo que a sociedade dialogue “de forma franca, aberta, honesta e inclusiva”.

A declaração pede ainda que se difundam mensagens que “desencorajam a adesão ao extremismo e a quaisquer tipos de violência”.

O texto sublinha ainda a necessidade de acompanhar os adolescentes e jovens que sofreram o impacto da violência, “para alcançar sua reconciliação e reinserção social”.

OC

Moçambique: Cabo Delgado sofre com «pobreza extrema» e persistência da violência (c/vídeo)

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Agência ECCLESIA

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