Lisboa: Cardeal-patriarca apela ao diálogo entre gerações, alertando para solidão nas cidades

D. Manuel Clemente destaca importância da educação e do trabalho, evocando mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz

Lisboa, 01 jan 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa apelou hoje ao diálogo entre gerações, alertando para solidão nas cidades.

“É neste diálogo entre gerações que a paz verdadeiramente se consegue”, referiu D. Manuel Clemente, na Missa a que presidiu na igreja de Nossa Senhora da Graça, assinalando a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus.

A Igreja Católica celebra a 1 de janeiro o Dia Mundial da Paz, instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978); Francisco escolheu, como tema da sua mensagem para 2022, o ‘Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura’.

O patriarca de Lisboa citou as várias dimensões apontadas pelo Papa, convidando os católicos a manter-se unidos “nas várias gerações”, “aprendendo mutuamente o que cada um transporta”.

O responsável destacou que, em Portugal, boa parte da população mais idosa vive “só e pouco acompanhada”, até porque nem todos dominam os instrumentos digitais.

“Nas nossas cidades, um terço da população idosa vive só”, advertiu.

O cardeal português destacou ainda que a educação “só se pode fazer nesta relação intergeracional” proposta pelo Papa, e deve incluir a dimensão religiosa, com o seu património global.

“Isto faz parte dessa educação, do esforço que cada geração faz para transmitir às que chegam o melhor daquilo que adquiriu, porque lhes faz bem, porque nos faz bem”, precisou.

D. Manuel Clemente falou ainda das questões ligadas ao trabalho, tanto pelas migrações dos que procuram uma vida melhor como dos que vivem na Europa com “um trabalho muito precário”.

“Mesmo entre pessoas empregadas, há gente pobre”, lamentou.

A homilia do primeiro dia de 2022 realçou que a paz é mais do que o aspeto exterior, de ausência de conflitos militares.

“A paz também tem, e tem sobretudo, uma dimensão interior, uma harmonia do profundo do nosso coração com o próprio Deus e, a partir de Deus, com todos”, declarou D. Manuel Clemente.

O responsável católico deixou uma referência ao Ano Europeu da Juventude, que se inicia hoje, apontando à JMJ 2023, em que Lisboa deve receber “uma enorme quantidade de jovens” de todo o mundo.

A homilia concluiu-se com votos de um “ano de paz, essa que Deus sempre garante”.

OC

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Agência ECCLESIA

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