Vaticano: Papa diz «basta!» à violência contra as mulheres

Francisco coloca novo ano sob a proteção das mães, para que o mundo encontre um «olhar inclusivo»

 

Cidade do Vaticano, 01 jan 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje no Vaticano ao fim da violência contra as mulheres, colocando o novo ano sob a proteção das mães, para que o mundo encontre um “olhar inclusivo”.

“Enquanto as mães dão a vida e as mulheres guardam o mundo, empenhemo-nos todos para promover as mães e proteger as mulheres. Quanta violência existe contra as mulheres! Basta! Ferir uma mulher é ultrajar Deus, que tomou duma mulher a humanidade. Não de um anjo, não diretamente, mas de uma mulher”, disse, na homilia da Missa da solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus.

O apelo reforça a mensagem deixada por Francisco no último dia de Natal, em que rezou pelas mulheres vítimas da violência que “grassa neste tempo de pandemia”.

A Missa do primeiro dia de 2022 foi celebrada na Basílica de São Pedro, assinalando ainda o 55º Dia Mundial da Paz.

O Papa convidou os católicos a colocar o novo ano sob a proteção de Maria, Mãe de Deus: “Que Ela nos ajude a guardar e meditar tudo, sem ter medo das provações, na jubilosa certeza de que o Senhor é fiel e sabe transformar as cruzes em ressurreições”.

O dogma da maternidade divina de Maria (Theótokos) foi definido no Concílio de Éfeso, em 431.

Evocando essa definição solene, Francisco convidou todos os participantes na celebração a levantar-se, para que repetissem três vezes o título de “Santa Mãe de Deus”.

A homilia sublinhou o “olhar inclusivo” das mães, que “supera as tensões guardando e meditando no coração”.

“É um olhar concreto, que não se deixa condicionar pelo desconsolo nem se deixa paralisar perante os problemas, mas coloca-os num horizonte mais amplo”, precisou.

O Papa evocou, em particular, as mães que assistem um filho doente ou em dificuldade.

“Trata-se de um olhar consciente, sem ilusões, e, todavia, sem se deter na tristeza e nos problemas, oferece uma perspetiva mais ampla, a perspetiva do cuidado, do amor que regenera a esperança. É isto que fazem as mães: sabem superar obstáculos e conflitos, sabem infundir a paz. Assim conseguem transformar as adversidades em ocasiões de renascimento e de crescimento”, apontou.

As mães sabem guardar, sabem manter juntos os fios da vida, todos. Há necessidade de pessoas capazes de tecer fios de comunhão, que contrastem os numerosos fios de arame farpado das divisões”.

Francisco sublinhou que, no calendário católico, novo ano começa “sob o signo da Mãe”.

“O olhar materno é o caminho para renascer e crescer”, indicou, sublinhando que “as mães, as mulheres olham o mundo não para o explorar, mas para que tenha vida”.

O Papa declarou que, na Igreja Católica, “o grande lugar da mulher” é este “coração de mãe”.

A Igreja é mulher, é mulher assim! Por isso não podemos encontrar o lugar da mulher na Igreja sem a espelhar neste coração de mulher-mãe. Este é o lugar da mulher na Igreja, o grande lugar, do qual derivam outros mais concretos, mais secundários. Mas a Igreja é mãe, a Igreja é mulher”.

A reflexão começou com a evocação do nascimento de Jesus e da atitude de Maria perante o “escândalo da manjedoura”.

“Maria compara experiências diferentes, encontrando os fios ocultos que as interligam. No seu coração, na sua oração realiza esta operação extraordinária: interliga as coisas lindas e as coisas duras; não as mantém separadas, mas une-as. Por isso, Maria é a mãe da catolicidade”, observou o pontífice.

Cumprindo a tradição, um grupo de crianças participou na celebração, vestidos de Reis Magos, em representação dos ‘sternsinger’ (cantores da estrela) que na Alemanha, Áustria e Suíça passam pelas casas para anunciar o nascimento do Senhor e recolher ofertas para as crianças necessitadas.

OC

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

O Papa Francisco escolheu, como tema da sua mensagem para 2022, o ‘Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura’.

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Agência ECCLESIA

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