Papa apela à paz no Médio Oriente

A situação das populações no Médio Oriente, em especial as cristãs, esteve no centro das preocupações de Bento XVI neste Natal A situação das populações no Médio Oriente, em especial as cristãs, esteve no centro das preocupações de Bento XVI neste Natal, como o próprio confessou: “Com viva apreensão penso, neste dia de festa, na região do Oriente Médio, ferida por numerosos e graves crises e conflitos, e faço votos que se abra a perspectivas justas e duradouras de paz”. Ontem, antes da bênção Urbi et Orbi, o Papa expressou o desejo que “depois de tantas vítimas, destruições e incertezas, sobreviva e prospere um Líbano democrático, aberto aos outros, em diálogo com as culturas e as religiões”. Bento XVI pediu uma “paz justa e duradoura” para o Médio Oriente e destacou o regresso do diálogo entre israelitas e palestinianos. “Confio ao Divino Menino de Belém os indícios de uma retomada do diálogo entre israelitas e palestinianos, que temos observado estes dias, bem como a esperança de desenvolvimentos confortantes”, disse. Afirmando a sua “forte apreensão” sobre a situação “aparentemente sem saída” que ali se vive, o Papa admite, apesar de tudo, que “a boa vontade e o diálogo” estão a ganhar sobre a violência tanto na Palestina como no Líbano e no Iraque. O Papa escreveu uma mensagem aos católicos do Médio Oriente, datada de 21 de Dezembro e publicada no Natal pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Na missiva, Bento XVI manifesta a sua solidariedade e confessa o desejo de visitar a região. Ao dirigir-se ao “pequeno rebanho” constituído por estes cristãos (2% da população total), submersos em sociedades compostas em ampla maioria por crentes de outras religiões, o Papa constata que esses países estão “com frequência submetidos a manifestações de cruel violência, que, além de causar grandes destruições, atingem sem piedade pessoas indefesas e inocentes”. “O sofrimento, no fundo, une todos, e quando um sofre, tem de sentir antes de tudo o desejo de compreender aquilo que sofre quem se encontra numa situação parecida”, acrescenta o texto. “Nas actuais circunstâncias, caracterizadas por poucas luzes e por demasiadas sombras, para mim é motivo de consolo e de esperança saber que as comunidades cristãs do Médio Oriente, cujos intensos sofrimentos tenho muito presentes, continuam a ser comunidades vivas e activas, decididas a testemunhar a sua fé com a sua identidade específica nas sociedades que as rodeiam”, confessou o Papa. Bento XVI espera “vivamente que a Providência crie as circunstâncias que permitam a minha peregrinação na terra que foi santificada pelos acontecimentos da história da salvação”. “Deste modo, espero poder rezar em Jerusalém, pátria do coração de todos os descendentes de Abraão, pela qual experimentam um imenso amor”, afirma a carta, citando uma expressão de João Paulo II. Bento XVI foi convidado várias vezes por Telavive para se deslocar a Israel, mas sublinhou sempre que uma tal deslocação não será possível senão em tempo de paz, ou pelo menos numa trégua sólida. Na carta às comunidades, o Papa releva que o Médio Oriente conhece o que chama de “um crescendo de situações dramáticas, quase sem saída”, apelando aos destinatários a recusarem “o ódio e a vingança” e a procurarem as vias de um diálogo “paciente e humilde”. Enfim, pede-lhes ainda para lutarem contra a tentação do exílio, caminho já escolhido por numerosos cristãos da região, que pode tornar os lugares santos do cristianismo em “zonas arqueológicas privadas de vida eclesial”. Bento XVI desejou que a região “se abra a perspectivas de paz justa e duradoura, no respeito pelos direitos inalienáveis dos povos que a compõem”.

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