Media: «É urgente alertar os cidadãos para os mecanismos de produção de desinformação» – Nelson Ribeiro

Diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP alerta para o risco de substituir o jornalismo por algoritmos

Foto: Agência Ecclesia/PR

Lisboa, 26 mar 2021 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa afirmou hoje que a desinformação constitui um risco para a “casa comum” e para a “vida em sociedade” e “precisa de ser combatido pela via da literacia mediática”.

Nelson Ribeiro considera que  é preciso identificar o “papel dos cidadãos no processo de desinformação”, que tem uma “centralidade” na vida pública e indicia a “aderir a causas que nem sempre ou raramente beneficiam” os cidadãos, mas os seus emissários.

Na ‘Oração de Sapiência’ do Dia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), sobre o tema “Propaganda participativa: a ascensão da desinformação online”, o diretor da Faculdade de Ciências Humanas da UCP alertou para o facto de, com os meios de comunicação digitais, todas as pessoas serem “tendencialmente” os principais “agentes de propagação de desinformação”.

“É urgente agir no sentido de alertar os cidadãos para compreenderem os mecanismos de produção de desinformação”, afirmou.

Nelson Ribeiro sugeriu a criação de “programas de literacia mediática”, que permitam “avaliar as fontes”, o “modo de circulação e divulgação das notícia”, impedindo de substituir informação jornalística por “algoritmos” das redes sociais.

“Os cidadãos investem pouco tempo a avaliar a credibilidade da informação”, referiu.

O professor de Comunicação Social alertou para o facto de um quarto da informação que circula nas redes sociais ser produzida por “contas automáticas”, que geram debates com “frases inflamatórias e irracionais” e promovem um “enviesamento cognitivo”.

Nelson Ribeiro lembrou que o objetivo último da desinformação não é tanto “levar o público a acreditar em mensagens falsas”, mas “acentuar divisões”, “gerar incerteza e discórdia”, que impeçam a sociedade de “lutar por causas comuns.

O investigador na área dos media lembrou que hoje “existe uma grande facilidade em criar páginas na internet, que se apresentam como fontes credíveis” e que são “facilmente confundidos” órgãos de comunicação”.

“Precisamos de apostar em cidadãos dotados de pensamento crítico e conscientes na necessidade de investirem tempo na leitura da informação eu recebem”, afirmou Nelson Ribeiro.

A Universidade Católica Portuguesa assinalou hoje o seu Dia Nacional, após ter sido adiado do início de fevereiro por causa da pandemia.

 

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Agência ECCLESIA

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