Covid-19: «Ninguém em Elvas vai morrer à fome só porque está confinado» – irmã Fátima Magalhães

Religiosa Teresiana alerta que «há dificuldades e pessoas a sofrer», mas testemunha também uma «grande onda de solidariedade»

Elvas, 29 jan 2021 (Ecclesia) – A irmã Fátima Magalhães, da Companhia de Santa Teresa Jesus (Teresiana), coordenadora de oito projetos sociais em Elvas, disse à Agência ECCLESIA que “ninguém vai morrer à fome só porque está confinado”, destacando a solidariedade e o trabalho em parceria.

“Neste tempo de pandemia esses oito projetos continuam, somos muito ajudados por outras instituições, temos aquela consciência que estamos todos no mesmo barco, como diz o Papa Francisco. Se uma pessoa está mais confinada, se uma pessoa tem doenças que não convém sair de casa, os mais novos procuram ajudar”, referiu a religiosa.

A Companhia de Santa Teresa de Jesus e o Movimento Teresiano Apostólico (MTA) celebraram esta quarta-feira os 125 anos da morte do seu fundador, Santo Henrique de Ossó (27 de janeiro de 1896).

Em Elvas, os projetos desta família religiosa são “orientados por leigos” do MTA, que inclui crianças, jovens e adultos; a irmã Fátima Magalhães andou “a distribuir pão pelo bairro”, oferecido por uma rede de supermercados, com uma voluntária, na manhã desta quinta-feira.

A entrevistada destaca que existe também “um grande apoio” do município local, “levando alimentos a casa das pessoas”.

A religiosa Teresiana alerta que, em Elvas e nos arredores, “há dificuldades e pessoas a sofrer”, que “batem à porta todos os dias”; com os “restaurantes fechados, a funcionar em take-away” estão muitas pessoas em casa, “um grande hotel também está fechado”, para além das pessoas “ligadas ao mundo da cultura, dos ginásios” que são áreas “paradas e a precisar de ajuda”.

Segundo a irmã Fátima Magalhães, há “uma grande compreensão e um grande apoio de todas as pessoas”, que geram “uma grande onde de solidariedade”.

“Há imensas pessoas que nos estão a ajudar, mesmo economicamente senão não podíamos ajudar, e dizem que querem ajudar de forma silenciosa. O dinheiro para os nossos projetos é-nos dado por pessoas anónimas, pela Fundação Mariana Martins, a Câmara Municipal de Elvas. Se bater à porta sei que as pessoas abrem”, acrescenta, adiantado que já tem “uma empresa que na Páscoa vai oferecer o cabrito”.

O MTA trabalha também em parceria com a Segurança Social, com o Centro de Saúde e em colaboração com a Proteção Civil, numa localidade em “risco extremo” na classificação do Governo para a pandemia; dinamiza o projeto ‘Passos da noite’, com a colaboração de supermercados locais, que dão “o que sobra” para a “cidade e aldeias limítrofes de Elvas”.

Existem também projetos sociais transversais a todas as idades, como ‘ajudar a crescer bebés’, desde que a mãe engravida até aos 2 anos, para que “não lhes falte nada do essencial que são os leites, as papas”, berços, “cadeiras para os carros” ou para terem em casa. Outro dos 3 aos 18 anos, o ‘ajudar famílias porta a porta’ e o ‘coração de ouro’ que apoia idosos e no Natal enviaram postais escritos pelas crianças e jovens para “os três lares em Elvas”.

Os jovens MTA, por exemplo, criaram o projeto ‘Surto Solidário’, onde recolhem bens alimentares, “dinheiro para comprar alimentos, pagam faturas” e vão também entregar a encíclica do Papa ‘Fratelli Tutti’ a pessoas de Elvas ligadas ao mundo da política, para inspirar “o seu empenhamento político e pela sociedade”.

Já o grupo ‘Mateus 25’ neste momento não pode visitar os reclusos no Estabelecimento Prisional de Elvas, mas a irmã Fátima Magalhães telefona “para a direção para saber se precisam de roupa, medicamentos, outras ajudas”, e ajuda também as suas famílias.

CB/OC

Santo Henrique de Ossó, sacerdote, espanhol do século XIX, nasceu a 16 de outubro de 1840 em Vinebre, Província de Tarragona, diocese de Tortosa, perto de Barcelona.

A irmã Maria de Fátima Magalhães assinala que o seu fundador pode ajudar nestes tempos de provação e interrogações da pandemia porque “a sua espiritualidade gera nas pessoas uma fé viva, uma confiança ilimitada, esperança firme” e conduz “ao encontro do amor de Deus, ao encontro do amor dos outros”.

Segundo a religiosa costumam “fazer uma grande festa” a 27 de janeiro mas este ano os alunos dos colégios tiveram encontros online, em Elvas promoveram também “dois momentos muito fortes de oração Teresiana, um rosário e a Eucaristia”, que transmitiram online, por exemplo.

“As irmãs e o MTA, apesar de todos os confinamentos, comprometemo-nos a não viver isoladas e a estarmos sempre atentas ao nosso meio ambiente, e ir ao encontro do outro e procurar ajudar”, realçou.

Henrique de Ossó foi beatificado por João Paulo II, a 14 de outubro de 1979, na Praça de São Pedro, em Roma; a 16 de junho de 1993 foi canonizado pelo Papa polaco na Praça Colombo, em Madrid.

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Agência ECCLESIA

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