Situação na Venezuela preocupa o Papa

Bento XVI recebeu hoje no Vaticano o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tendo-lhe manifestado as suas preocupações relativamente às reformas por este empreendidas no país sul-americano. O encontro entre os dois demorou cerca de 35 minutos. “O presidente Chávez apresentou os seus projectos de mudança social no país a Bento XVI, o qual, em seguida, colocou à atenção do presidente alguns temas que lhe são particularmente caros”, refere o comunicado oficial apresentado por Joaquín Navarro-Valls, director da sala de imprensa da Santa Sé. Navarro-Valls explicou que o Papa manifestou reservas em relação ao “projecto de reforma da educação”, que não prevê um lugar para o ensino da religião, e dos “programas de saúde pública” da Venezuela, pedindo que tenham “como ponto basilar a protecção da vida, desde o seu início”. Para Bento XVI, é também fundamental que a Universidade Católica “Santa Rosa da Lima” possa “manter sempre a sua identidade católica”. O Papa ainda se mostrou preocupado com a “exigência de independência dos meios de comunicação católicos” e reiterou “a liberdade da Santa Sé na designação dos bispos”, negando, implicitamente, qualquer intenção política. Hugo Chávez assegurou “o seu interesse a respeito dos pedidos do Santo Padre e o seu compromisso em superar qualquer tensão, no respeito pelos direitos legítimos de todos”. No final do encontro, o Papa entregou a Chávez a sua encíclica autografada, medalhas do pontificado e uma carta pessoal que, segundo o comunicado oficial da Santa Sé, “resume as prioridades pastorais para o bem do país”. O presidente Chávez, que foi acompanhado por uma delegação de 12 pessoas, ofereceu a Bento XVI um quadro do herói venezuelano Simón Bolívar, o pai da independência latino-americana. A nova presidência da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) tem procurado promover, junto de Chávez, um diálogo que melhore as relações Igreja-Estado. Ao longo dos últimos anos, a CEV foi acusada várias vezes pelo presidente Chávez de estar ao serviço da oposição, por causa das críticas feitas a opções políticas concretas. A polémica ganhou uma particular dimensão no confronto com o Cardeal Castillo Lara, presidente emérito da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano e uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica no seu país, distinguido-se pela sua preocupação relativamente à solidificação da democracia na Venezuela, que considera ameaçada pelas “intenções ditatoriais” de Chávez.

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