«A cruz é uma grande lição» disse o cardeal português sobre a Sexta-feira Santa
Cidade do Vaticano, 10 abr 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça afirmou que “a cruz é uma grande lição” e lembrou que a “compaixão dos anónimos” salva o mundo e é capaz de “humanizar” as relações.
“Ai de nós se, diariamente e instante a instante, a compaixão dos anónimos não salvasse o mundo, porque a compaixão é capaz de humanizar as nossas relações e é capaz de resgatar aquilo que de outra forma não teria solução”, disse o arcebispo português.
Na partilha que faz em cada dia da Semana Santa na Agência ECCLESIA desde o Vaticano, o bibliotecário e arquivista da Santa Sé refletiu hoje sobre o “despojamento de Sexta-feira Santa” e as figuras da compaixão, no itinerário de Cristo para o Calvário e nas circunstâncias de pandemia da atualidade.
Para D. José Tolentino Mendonça, há uma “nuvem de testemunhas” no quotidiano que “é a garantia” de que a compaixão “é a chave” para cada um participar “Paixão do Senhor”.
“No meio do crepúsculo, há sempre um milagre, há uma explosão de vida, de esperança, de humanidade. Há um sopro de divino que anima o mundo”, afirmou.
“A compaixão não tem tempo, não tem um horário, não é um exercício burocrático”, sublinhou.
Para D. José Tolentino Mendonça, os “tempos extremos” oferecem “nitidez” aos gesto de compaixão.
“Essa nitidez, que os momentos dramáticos conferem, dão aos gestos de compaixão uma relevância, um significado, uma transparência que toca o coração, que alimenta o coração”, afirmou.
“No meio da prova extrema, quando sozinhos não nos podemos valer, há uma grande aprendizagem que se faz. E essa aprendizagem é, sem dúvida, o valor da compaixão, da misericórdia, da empatia, de nos colocarmos no lugar dos outros sem julgamentos”, acrescentou.
Para D. José Tolentino Mendonça, “arriscar um gesto de compaixão, um gesto de misericórdia, é alguma coisa que acende uma luz na noite do mundo”.
“No meio de tanta tragédia que está a acontecer, é belo perceber que há uma fraternidade”, afirmou.
O poeta madeirense considera que “a Cruz é uma grande lição”, diz “tudo” e ensina ”a paciência e o dom” e também “a resiliência e a esperança”.
“Nós olhamos para a cruz e na cruz está tudo”, afirmou.
“Entenderão o mistério da Cruz aqueles que experimentam a compaixão, as figuras da compaixão”, sublinhou.
No itinerário da Semana Santa que partilha na Agência ECCLESIA, desde o Domingo de Ramos, o cardeal D. José Tolentino Mendonça vai refletir esta Sábado Santo sobre “as figuras do silêncio”, nomeadamente Maria, a Mãe de Jesus.
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PR