D. Manuel Linda adia Missa Crismal para 19 de junho e anuncia orientações para a Semana Santa
Porto, 23 mar 2020 (Ecclesia) – O bispo do Porto recordou hoje o “dever moral” que o isolamento por causa do novo coronavírus representa para os crentes, um dia depois da detenção de sete pessoas, por crime de desobediência no âmbito do estado de emergência.
“Lembro aos crentes que o isolamento por causa do coronavírus é um dever moral. Do seu rigoroso cumprimento depende, em grande parte, não só o travar o contágio como o apressar da normalidade da vida social. Por isso, cumpra-se «religiosamente»”, recomenda D. Manuel Linda, numa mensagem divulgada através da sua conta no Twitter.
O responsável católico divulgou também hoje o decreto com orientações para as celebrações de Semana Santa e Páscoa, este ano marcadas pela pandemia do Covid-19, na qual insiste no tema.
“Colaboremos com as normas das autoridades civis e aproveitemos este tempo para um especial «retiro», individual e familiar, que nos ajude a reconhecer a presença de Deus nas nossas vidas e a forma de melhorarmos a nossa relação com Ele”, apela.
O bispo do Porto anuncia que a Missa Crismal de Quinta feira Santa vai ser adiada, sendo celebrada, “se as circunstâncias o permitirem”, na manhã do dia 19 de junho, solenidade do Sagrado Coração de Jesus e tradicional jornada mundial de oração pela santificação dos sacerdotes.
“Para que todo o povo de Deus desta Diocese se possa associar espiritualmente, informa-se que o bispo diocesano e os bispos auxiliares celebraremos, privadamente, o Tríduo Pascal às horas tradicionalmente programadas: a Ceia do Senhor, na quinta-feira, dia 9, às 17h30; a Paixão do Senhor, na sexta, às 15h00 e a Vigília Pascal, no sábado, às 21h30”, acrescenta.
D. Manuel Linda pede que os batismos de adultos, eventualmente programados para a Vigília Pascal, sejam remarcados, caso a caso, para “ocasião oportuna”.
Em relação à Páscoa, o responsável católico pede que as igrejas toquem os sinos, algumas vezes ao longo do dia, para recordar a “absoluta centralidade da Ressurreição”.
“Não é de excluir que, quando as circunstâncias o permitirem, se escolha um dia, durante o tempo pascal, para um solene e festivo anúncio da Ressurreição do Senhor, base da nossa fé, em cada Paróquia”, acrescenta, numa alusão ao tradicional “Compasso” ou Visita Pascal.
A forma, absolutamente inusitada, como estamos a viver este tempo e não sabendo ainda quando é que a vida social e religiosa poderá voltar à normalidade, levam-me a transmitir algumas orientações, genéricas e sujeitas a posteriores adaptações. Espero, entretanto, sejam tidas em conta, até como expressão da perfeita sintonia eclesial e diocesana”.
A nota do bispo do Porto deixa ainda indicações aos párocos de localidades onde existam Centros Sociais Paroquiais ou instituições análogas, aos capelães de Lares da Terceira Idade e, se tal se vier a justificar, aos capelães das prisões, concedendo-lhes a “faculdade de absolver coletivamente os idosos ou detidos aí institucionalizados”.
Esta decisão implica que, aquando do regresso das condições normais, as pessoas realizem a confissão “individual e íntegra” das faltas graves.
Aos capelães hospitalares concede-se a mesma faculdade, recordando a necessidade de “proferirem a fórmula de absolvição em cada uma das enfermarias ou quarto”.
“Convido os Párocos e Capelães a transmitirem aos que sofrem a enfermidade do Covid-19, aos familiares e a quantos os cuidam, especialmente aos profissionais de saúde, mediante telefonema ou presencialmente, se as condições o permitirem, o dom da indulgência especial que a Igreja lhes concede nesta circunstância e as condições para a sua receção”, refere ainda D. Manuel Linda.
Portugal tem 23 mortes associadas ao vírus da Covid-19 confirmadas e 2060 pessoas infetadas, segundo o boletim de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS).
OC
Covid-19: «Pedimos o milagre de que cesse este mal» – Bispo do Porto (c/vídeo)