Pio XII: Vaticano dá boas-vindas a «estudiosos qualificados», em clima de «total abertura», diz cardeal português

D. José Tolentino Mendonça, nomeado membro do Conselho Pontifício da Cultura, sublinha que a Igreja «não tem medo da história»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 21 fev 2020 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, responsável pelo Arquivo Apostólico Vaticano, disse que os novos documentos sobre o pontificado do Papa Pio XII, disponíveis a partir de 2 de março, vão ser analisados num clima de “total abertura”.

“O que poderá ser consultado são os arquivos das principais instituições da Santa Sé, a começar pelo Arquivo Central, o Arquivo Apostólico Vaticano, e a ela terão acesso, sem qualquer restrição de religião, de proveniência, de ideologia, isto é, de uma total abertura, os estudiosos qualificados”, disse ao portal ‘Vatican News’, esta quinta-feira.

O Vaticano apresentou à imprensa a abertura dos Arquivos Apostólicos sobre o pontificado de Pio XII.

  1. José Tolentino Mendonça, que o Papa Francisco nomeou hoje como membro do Conselho Pontifício da Cultura, explicou que o único critério para a admissão dos estudiosos aos arquivos será científico.

“A Igreja não tem medo da história, mas considera a avaliação dos estudiosos com a certeza de que seja compreendida a natureza de sua ação”, precisou.

“Ao colocar à disposição dos estudiosos este ‘corpus’ de documentos, a Igreja segue uma linha de partilha secular com os estudiosos, sem exclusões ideológicas, de fé ou nacionalidade. Todos são bem-vindos”, acrescentou.

 

 

Os documentos relativos a Pio XII abrangem toda a atividade do Vaticano antes e durante a II Guerra Mundial; há historiadores que alegam que a Santa Sé não fez o suficiente para se opor a Hitler e à Shoah.

O prefeito do Arquivo Apostólico Vaticano, D. Sergio Pagano, adianta que os arquivos deste pontificado revelam “importantes documentos sobre as relações da Santa Sé com os regimes totalitaristas, sobre acordos com várias nações”.

“Poderá ser compreendida melhor a posição do Papa e da Santa Sé em relação a certas políticas religiosas, ao comunismo e aos absolutismos. Assim como poderá ser conhecida a grandiosa obra do Papa Pio XII no que se refere à caridade. Muitos documentos comprovarão o seu empenho em salvar os judeus durante a Shoah”, aponta.

O responsável organizou o “fundo da Beneficência”, que conta com mais de oito mil pastas que documentam práticas de caridade de Pio XII.

OC

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Agência ECCLESIA

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