Viseu: D. Ilídio Leandro quer voltar a ser «pároco numa comunidade»

Bispo sente «obrigação pessoal de não viver à sombra da bananeira», após deixar governo da diocese

Viseu, 11 mai 2018 (Ecclesia) – O bispo de Viseu disse disse que “gostaria de voltar a paroquiar” após deixar o governo da diocese, uma escolha pessoal porque “era injusto auferir um salário sem trabalho”.

“Tenho isso sonhado. Já disse ao novo bispo que a minha decisão tinha sido essa e terei muito gosto em voltar a paroquiar”, afirmou D. Ilídio Leandro, esta quinta-feira, num encontro com jornalistas.

No salão da Casa Episcopal, o responsável explicou que voltar a ser pároco numa comunidade “é uma escolha pessoal”, “melhor é uma obrigação pessoal de não viver à sombra da bananeira”.

“Era injusto que agora, podendo, estivesse a auferir um salário sem trabalho”, acrescentou o bispo de Viseu que, antes, em tom de brincadeira, disse que ia “descansar, dormir, sonhar” e já tinha reserva na “praia”.

No encontro, o bispo disse também que a reforma que vai receber do Estado é “pequenita”, “de 300 e poucos euros”.

“Tenho medo de para além de não fumar, também ter que deixar de tomar café para poder viver com essa reforma e não poder tomar os medicamentos que os médicos me vão receitando”, comentou, assegurando que quer “trabalhar e viver do trabalho”.

O primeiro bispo de Viseu natural da própria diocese referiu que, se lhe “derem a escolher”, pretende uma ou duas “comunidades pequenas, no extremo”.

“Pensei, desejei e sonho com essa efetivação mas não disse quais as paróquias”, adiantou.

D. Ilídio Leandro, de 67 anos, revela que não quer que as pessoas “sejam defraudadas” com a sua ação e quer ainda “ajudar o novo bispo” e a sua Igreja diocesana

Bispo da Diocese de Viseu desde 23 de julho de 2006, o responsável recordou que pediu a resignação por motivos de doença, dado que sofreu um AVC e está a fazer de tratamentos a um cancro na tiróide.

“Dispensa da diocese, não do trabalho, nem do serviço, mas da responsabilidade da diocese porque sempre privilegiei as pessoas, o serviço, a diocese em si. Não queria nunca prejudicá-la”, observou.

A partir de 22 de julho entra em funções o futuro bispo D. António Luciano dos Santos, do clero da Diocese da Guarda, que já é conhecido em Viseu, onde foi professor no Instituto Superior de Teologia.

“O novo bispo vem com vontade e tem possibilidades de fazer muito mais. Desejo que com a diocese sejam muito felizes e estarei a ajudar com oração e o trabalho que for fazendo”, assinalou D. Ilídio Leandro.

Num exercício de memória, de 12 anos de ministério, realçou que os melhores momentos foram “o Sínodo Diocesano e tudo aquilo que envolveu”, bem como as visitas pastorais.

No campo oposto destaca a “impossibilidade de responder aos desafios” da diocese; “a impossibilidade de renovar, em número, o seminário”.

“São aspetos que acredito que o novo bispo, com a sua ação, a sua novidade e a sua vontade de renovação e de trabalhar vá fazer”, concluiu D. Ilídio Leandro.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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