700 anos da dedicação da Sé de Évora

Integrada nas comemorações dos 700 anos da dedicação da Sé de Évora, no dia 18 de Abril, no Fórum da Fundação Eugénio de Almeida, terá lugar a Jornada histórico-teológica, que se associa às comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se assinala naquele dia. A Sé de Évora é a maior Catedral medieval do país. A um primitivo templo construído entre 1186 e os primeiros anos do século XIII, sucedeu-se o grandioso monumento. As duas possantes torres quadrangulares que ladeiam o corpo da catedral eborense conferem-lhe um aspecto de fortaleza, escondendo a delicadeza do pórtico em mármore, representando os doze apóstolos. O portal principal é da década de 30 do século XIV, e constitui um dos mais impressionantes portais góticos portugueses, com um Apostolado em escultura de vulto da autoria de Mestre Pêro, o principal nome da escultura gótica trecentista em Portugal. Os modelos inspiradores desta nova Sé foram amplamente estudados por Mário Tavares em meados do século passado e revelam a importância desta construção não apenas como ponto terminal do Românico e inicial do Gótico, mas, sobretudo, pela variedade de soluções de transição empregues. A cabeceira derivava dos mais desenvolvidos planos mendicantes, sendo provavelmente muito semelhante à cabeceira do Convento de São Domingos, de Elvas, ambicioso plano de três naves com trifório sobre as naves laterais, transepto saliente e cabeceira bastante desenvolvida. Foram dois os modelos inspiradores desta campanha: por um lado, a adopção do mesmo esquema planimétrico ensaiado na Sé de Lisboa, aqui tratados de forma distinta, fruto da data tardia de construção (c.1280-1340). De um ponto de vista puramente arquitectónico, o claustro segue o mesmo esquema dos claustros dionisinos, designadamente o da Sé de Lisboa, com o qual mantém curiosas afinidades estruturais. Durante a época moderna sucederam-se as campanhas decorativas. Do vastíssimo número de obras que poderíamos citar, realce para a Capela de Nossa Senhora da Piedade, ou do Esporão, construída em 1530, e que ostenta um portal tardo-manuelino de mármore e um retábulo maneirista com uma pintura alusiva ao Descimento da Cruz. A capela-mor actual resulta de uma renovação integral ocorrida no reinado de D. João V, que contou com o apoio do cabido da Sé. Aqui a exuberância dos mármores foi sabiamente conjugada com a austeridade romano-gótica do templo. O projecto foi entregue a João Ludovice, que, num espaço que começou por ser românico, passou pelo gótico e pelo manuelino, concebeu uma ampla capela barroca, incorporando um retábulo rococó com mármores da zona de Estremoz. Os claustros, de meados do século XIV, há estátuas dos Evangelistas em cada canto. O claustro, construído por ordem do Bispo D. Pedro, é um belo exemplar gótico, enriquecido com rosáceas de decorações diversas. É ainda enobrecido pela capela funerária do Bispo D. Pedro (fundador do claustro), cujo túmulo gótico ainda subsiste no centro da mesma. Recentemente foram colocados na ala sul do claustro dos túmulos dos Arcebispos de Évora falecidos no século XX. Em 1930, o Papa Pio XI concedeu à Catedral o título de Basílica Menor. Nas décadas seguintes foram efectuadas algumas obras de restauro, tais como a demolição das vestiárias do cabido, do século XVIII, (que permitiram pôr a descoberto a face exterior e as rosáceas do claustro) e o apeamento de alguns retábulos barrocos que desvirtuavam o ambiente medieval das naves laterais. Na Sé de Évora existe um Tesouro e um Museu de Arte Sacra. O tesouro abriga peças de arte sacra, nos domínios da paramentaria, pintura, escultura e ourivesaria. A mais curiosa é uma Virgem do século XIII, de marfim cujo corpo se abre para se tornar num tríptico com minúsculas cenas esculpidas: a sua vida em nove episódios. Pode-se ainda admirar a Cruz-Relicário do Santo Lenho (século XIV), o Báculo do Cardeal D. Henrique (que foi Arcebispo de Évora e Rei de Portugal) e galeria dos Arcebispos, onde estão retratados todos os prelados eborenses desde 1540 até à actualidade. Tanto o tesouro, como a galeria dos Arcebispos integram o Museu de Arte Sacra da Catedral, aberto em 1983, aquando das comemorações do 8ºcentenário da Sé. De Dezembro de 2007 a Dezembro de 2008, a Sé de Évora celebra os 700 anos da dedicação da catedral. Neste templo está afixado um pendão que despertará para o acontecimento que será celebrado através de um variado programa organizado pelo Cabido. Dados recolhidos no Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR); Marques, Fernando; jornal «A Defesa».

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