3 mil pessoas em Missa com o Papa

Bento XVI fala da «trágica realidade» da emigração da comunidade católica na região, ao longo das últimas décadas Cerca de 3 mil fiéis celebram esta tarde uma Missa com Bento XVI, no Getsémani, onde, segundo os Evangelhos, Jesus passou as suas últimas horas rezando antes de ser preso. Na sua homilia, o Papa falou na “trágica realidade” da emigração de membros das comunidades cristãs, ao longo dos últimos anos, considerando que esta situação traz consigo um “grande empobrecimento cultural e espiritual” da região. Apesar de admitir que há “razões compreensíveis” para esta partida, Bento XVI fez questão de sublinhar que “na Terra Santa há lugar para todos” e apelou às autoridades para que ajudem a manter a “presença cristã”. “Desejo aqui hoje, na vossa presença, reconhecer as dificuldades, a frustração e a aflição e sofrimentos que muitos de vós têm suportado em razão dos conflitos que têm afectado estas terras, e às amargas experiências de deslocação a que muitos de vós foram constrangidos e que – Deus nos livre! – poderiam ainda voltar a acontecer”,apontou. Interrompido pelos aplausos da assembleia, o Papa assegurou aos fiéis que não são esquecidos e que a “presença e testemunho perseverante” que dão “são sem dúvida preciosos aos olhos de Deus e uma componente integrante do futuro destas terras”. “Precisamente devido às profundas raízes que tendes nesta terra, à vossa forte e antiga cultura cristã e à inquebrantável confiança nas promessas de Deus, vós, os cristãos da Terra Santa, sois chamados a servir não só como farol de fé para a Igreja universal, mas também como fermento de harmonia, de sabedoria e de equilíbrio na vida de uma sociedade que tradicionalmente tem sido, e continua a ser, pluralista, multiétnica e multi-religiosa”, indicou. “A comunidade cristã nesta Cidade onde teve lugar a ressurreição de Cristo e onde foi derramado o Espírito deve por maioria de razão (sublinhou o Papa) manter-se firme na esperança do Evangelho, apoiada na promessa da vitória definitiva de Cristo sobre o pecado e a morte, testemunhando a potência do perdão e tornando visível a natureza mais profunda da Igreja: ser sinal e sacramento de uma humanidade reconciliada, renovada e unida em Cristo”, prosseguiu. Falando em seguida a respeito de Jerusalém, Bento XVI pôs em relevo a universalidade que caracteriza a cidade: “Reunidos aqui, aos pés das muralhas desta Cidade que os discípulos das três grandes religiões consideram sagrada, como não pensar na vocação universal de Jerusalém?”. “Judeus, muçulmanos e cristãos – todos eles consideram esta c idade como a sua pátria espiritual. Como resta ainda tanto por fazer para que ela seja verdadeiramente uma cidade de paz para todos os povos, onde todos possam vir em peregrinação, para procurar Deus e escutar a sua voz, uma voz que anuncia a paz”, exlcamou. Para o Papa, Jerusalém sempre foi uma cidade “com ruas onde ressoam diferentes línguas, uma cidade cujas pedras foram edificadas por gente de todas as raças e línguas, cuja muralhas são um símbolo do cuidado providente de Deus por toda a família humana”. “Um lugar onde os preconceitos, a ignorância e o medo que os alimentam, são vencidos pela honestidade, pela integridade e pela busca da paz. Não deveria lugar dentro destes muros para a estreiteza de espírito, para a discriminação, a violência e a injustiça”, disse. No início da cerimónia, D. Fouad Twal, Patriarca latino de Jerusalém, denunciou diante do Papa a “agonia” do povo da Palestina, que “sonha com um Estado livre e independente” e, por outro lado, a “agonia do povo israelita”, que “sonha com uma vida normal, em paz e segurança” a que não chega apesar do seu poderio “militar e mediático”. Numa celebração em que latim, hebraico e árabe se foram misturando, este responsável acusou a comunidade internacional de ser “insensível” à agonia da Terra Santa. O Patriarca convidou a rezar para que “Jerusalém seja partilhada pelos dois povos das três religiões”, judeus, cristãos e muçulmanos. A celebração decorreu no sopé do Monte das Oliveiras, um local sagrado tanto para os judeus quanto para os cristãos. O número de participantes foi limitado, por motivos de segurança, numa decisão das autoridades israelitas. Na oração universal, os presentes rezaram pelos cristãos da Terra Santa, para que “saibam ultrapassar” as dificuldades que encontram. Outra intenção especial foi apresentada “pelos crentes de todas as religiões, para que na busca sincera de Deus trabalhem pela paz e o diálogo”. Gritos de “viva o Papa” marcaram o final da celebração.

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