«Zoom in»: Património religioso a visitar em Vila Real (c/vídeo)

Igreja de Santa Eulália da Cumieira

Plantada numa cumeada de montanhas, entre as encostas frias e húmidas do Marão e as encostas quentes e ardentes, generosas em vinho, do Douro, encontra-se a vila da Cumieira, a meio caminho entre Vila Real e Santa Marta de Penaguião, concelho de que faz parte.

Aí encontramos a belíssima e harmoniosa de proporções igreja de Santa Eulália, templo do século XVIII. Na frontaria, sobre o portal principal, ostenta a data de 1729, que aponta, certamente, a data da edificação do templo com traços evidentes da arquitectura barroca: grandes janelões, pináculos, profusão de ornamentos graníticos.

Entrando, deparamos com um dos mais impressionantes conjuntos de talha dourada setecentista de todo o Douro e Trás-os-Montes. À excepção de dois pequenos retábulos logo à entrada –e de produção anterior-, todo o conjunto retabular da igreja (composto pelo retábulo-mor, dois retábulos laterais e dois retábulos colaterais integrados na talha do arco cruzeiro), o conjunto impressiona, não só pelas proporções grandiosas como, sobretudo, pela qualidade do trabalho executado no estilo barroco joanino (ou português), já com alguma tendência para o rococó, o que leva a concluir ter sido produzido já na segunda metade do século XVIII. São as colunas espiraladas, enriquecidas com festões, as figuras de anjos (algumas de grandes proporções), os balaústres dourados, as sanefas (numerosas e grandiosas), os púlpitos recobertos a ouro, as grinaldas…

Tudo num efeito notável de harmonia e de composição.

Os dois primeiros retábulos, junto à porta principal (mais modestos nas proporções e de produção prévia aos outros), apresentam duas imagens da Paixão: o Senhor da Cana Verde e o Senhor com a cruz às costas, ou Senhor dos Passos, imagens de grande devoção em toda a região duriense.

Em seguida surgem os confessionários (um de cada lado), cujas portas são já coroadas por sanefas barrocas. Depois das portas laterais, logo se destacam os dois púlpitos, bem proporcionados e sólidos, também eles cobertos de talha dourada.

Vêm depois os grandes altares laterais. Embutidos na parede, revestidos a talha dourada e “coroados” por duas impressionantes sanefas (tipo dossel) também douradas. Aí se ostentam boas imagens de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, São José e de Nossa Senhora da Breia (nome da família de cuja capela é proveniente a imagem).

Nos altares colaterais, que fazem elegante e grandioso conjunto com a talha que envolve o arco cruzeiro, de enormes proporções, as imagens do Sagrado Coração de Jesus, de Cristo Crucificado e de Nossa Senhora das Dores (de novo a Paixão).

A capela-mor é elegante e bem proporcionada, destacando- se aí o grande retábulo-mor. Quatro enormes colunas espiraladas (típicas do barroco joanino) envolvem o trono do Santíssimo Sacramento que produz riquíssima impressão. Também aí encontramos festões, grinaldas, palmas, alguns concheados, produzindo um cenário impressionante. Ostenta as imagens, também setecentistas, de Santa Eulália (padroeira) e de Santo António, harmoniosas e bem proporcionadas.

Na cornija interior, bem como no aro da porta principal, notam-se restos de pinturas decorativas. É aqui que chegamos à figura do pintor e arquitecto italiano Nicolau Nasoni. Há todas as evidências e razões para acreditarmos que Nasoni trabalhou nesta igreja, sobretudo ao nível da pintura decorativa interior, nos tectos e nas molduras das janelas e portas. Os tectos foram, porém, criminosamente destruídos há algumas décadas. Foi para a fogueira o trabalho de meses de Nasoni. O que resta são os poucos vestígios desse trabalho de pintura fingida em perspectiva e uma inscrição sobre a porta principal que refere o nome do pintor e arquitecto italiano Nicolau Nasoni e a era de 1739.

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O Românico (frescos): igreja de Santa Leocádia

A meia encosta entre o alto da serra do Brunheiro ou o Montenegro, prolongamento da serra da Padrela, e o vale mais ameno de Loivos e Vidago, toda voltada a sul e poente, encontramos a aldeia de Santa Leocádia, já no concelho de Chaves. É cabeça duma freguesia outrora povoadíssima e hoje despovoada, embora composta por várias aldeias em redor. Sensivelmente ao centro geográfico do território da freguesia e paróquia encontra-se a vetusta igreja paroquial, templo de feição original românica, mas, como tantos outros, alvo de diversas alterações ao longo dos séculos. A sua origem deve remontar ao século XII, sendo, portanto, tão velho como Portugal. Sofreu diversas akterações ao longo dos séculos, sendo que as mais evidentes foram realizadas no século XVI (pinturas murais e possível ampliação da capela-mor), e no século XVIII (remodelação da fachada, arranjo exterior e construção de retábulos em madeira).

Do conjunto de pinturas (frescos), mandado executar por um antigo pároco dali e que foi depois bispo de Lamego e de Lisboa e que certamente cobriam grande extensão das paredes da igreja e que, há poucas décadas, foi possível recuperar, destacam-se, na capela-mor, as representações dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, um de cada lado do Altar. Depois há um conjunto de seis pinturas que completam totalmente o espaço, a que poderíamos chamar o ciclo da Natividade ou Evangelho da Infância: Visitação a Santa Isabel; Jesus entre os doutores; a matança dos inocentes, o anúncio aos pastores; apresentação no Templo; fuga para o Egipto. Nas laterais do arco cruzeiro (cuja parte superior ogival  é obra de fino entalhe granítico policromado) observam-se representações do martírio de S. Sebastião (alguns elementos), do martírio de Santa Catarina e do Calvário. Nas paredes da Nave ou corpo da igreja, um conjunto de pinturas avulsas: representação do Arcanjo S. Miguel; a Descida da Cruz e a Pietá; Santa Marta; a Missa de S. Gregório (alguns elementos); uma representação enorme do gigante S. Cristóvão; e talvez uma espécie de ex-voto, representando no mar uma nau como as dos descobrimentos, onde se encontra um homem em oração.

Todas as pinturas se encontravam, até aos finais do século passado, revestidas de cal e cobertas pelos retábulos laterais da igreja construídos e instalados ali no século XVIII. Tendo sido estes retirados e deslocados para outra parte da igreja, foi possível trazer de novo os frescos à luz do dia.

Quanto aos retábulos da igreja, em número de quatro, são todos de boa feição –embora a reclamar atenção quanto à conservação e até a merecer restauro-  podendo classificar-se dois deles ainda dentro do estilo maneirista e dois deles (entre eles o retábulo-mor) no estilo barroco joanino.

Todo o templo é admirável pelos muitos elementos românicos (frestas, janelas, portas em arco, cornija exterior com sua profusa decoração), quer pela quantidade e qualidade das pinturas murais referidas. De referir também a sua localização numa suave encosta de vistas desafogadas, de onde se pode apreciar, numa tarde calma de Verão ou de Outono, um belíssimo arrebol em ambiente totalmente rural.

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Os santuários miradouros: Santa Comba

Edificado sobre uma povoação castreja de que ainda há muitos vestígios (e certamente sobre um antigo santuário rupestre), o Santuário de Santa Comba situa-se numa curiosa elevação na ponta sul do concelho de Valpaços, a cerca de mil metros de altitude. Terá sido cristianizado, senão antes, pela presença duma comunidade religiosa ainda antes do século XII. No início da nossa nacionalidade (em 1135) já D. Afonso Henriques doa os territórios em volta como couto aos frades de Santa Comba.

Destaca-se pela abrangência dos seus horizontes, abarcando dali a vista os territórios desde os píncaros do Gerês às serras espanholas da Sanábria, passando pelo Larouco. Desde o Marão, que se vislumbra com esplendor em frente, às terras do Vale do Douro e de Riba Douro, a todo o vale do Tua, terras de Além-Sabor e da Beira Alta, e ainda grande parte do território do distrito de Bragança, Serra da Nogueira, do Montesinho, de Bornes.

Todo o território da serra de Santa Comba é povoado por densas florestas de pinheiro, carvalho, sobreiro e azinho, bem como pelas mais diversas espécies da fauna selvagem das terras de Trás-os-Montes.

É lugar muito procurado para passeios de bicicleta e todo-o-terreno pela floresta e montanha, bem como para longas caminhadas a pé. Muito usado também para descolagens de parapente.

A romaria de Santa Comba realiza-se a 8 de Agosto de cada ano e a ela afluem gentes de vários concelhos (Valpaços, Murça, Mirandela, Chaves, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, etc), muitas em peregrinação a pé.

Ultimamente tem sido frequentemente caracterizado por muitos como o melhor miradouro de Trás-os-Montes.

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Agência ECCLESIA

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