José Paixão destaca papel de movimentos católicos para que trabalhadores «tomassem consciência da necessidade da sua libertação»
Lisboa, 01 mai 2024 (Ecclesia) – José Paixão, antigo dirigente da LOC, evoca em entrevista à Agência ECCLESIA a manifestação do 1.º de Maio de 1974 e a força da população na rua, que permitiu o sucesso da revolução.
“Temos que dizer com toda a clareza que com o dia 25 de Abril, para além da liberdade, para além de acabar com a guerra colonial, para além de avançar para a democracia, porque o dia 25 de Abril foi um golpe de Estado militar (…), o que fez com que as coisas andassem e o que fez a revolução foi a população vir para a rua”, indica.
O entrevistado do Programa ECCLESIA que é emitido hoje na RTP2 evoca o encontro de há 50 anos, no atual Parque de Jogos 1º de Maio, do INATEL, o primeiro Dia do Trabalhador vivido em liberdade após o 25 de Abril.
“Foi um dia memorável, foi um dia que nós esperávamos com muita ansiedade”, recorda.
“O povo veio para a rua, veio para a rua dizer: nós estamos preparados para a democracia, queremos a democracia e estamos aqui para isso”, acrescenta.
José Paixão destaca que, no Estado Novo, “havia sempre uma grande quantidade de sindicalistas que eram presos”, a fim de limitar qualquer comemoração do 1º de Maio.
Segundo o entrevistado, a Liga Operária Católica (LOC) e a Juventude Operária Católica (JOC) procuravam que os militantes “procurassem tomar também, nas suas, mãos os direitos dos trabalhadores e a libertação dos trabalhadores”.
A Ação Católica, e principalmente a Ação Católica Especializada, a JOC e a LOC, deram sempre força e procuraram sempre que os trabalhadores, jovens e não jovens, tomassem consciência da necessidade da sua libertação e de se defenderem através de sindicatos que fossem sindicatos seus”.
Além da LOC e da JOC, também os chamados Círculos de Cultura Operária procuravam motivar os trabalhadores a organizar-se e “transformar os sindicatos”.
Uma ação incómoda para o regime, que através da PIDE chegou a encerrar o jornal da JOC, por exemplo, num risco para os integrantes destes movimentos, que “não tinham as costas quentes”.
A Igreja Católica celebra a 1 de maio, desde 1955, a festa litúrgica de São José Operário, como forma de associar-se à comemoração mundial do Dia do Trabalhador.
OC