Voluntariado: «Agenda política» dos escuteiros católicos favorece produtividade laboral

«Se em alguns casos os voluntários decidissem parar 24 horas, o aparelho de Estado teria uma convulsão grave», diz secretário executivo

Lisboa, 22 set 2011 (Ecclesia) – O secretário executivo do escutismo católico português considera que as propostas sobre o regime de férias dos voluntários, entregues esta semana pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE) ao Governo e parceiros sociais, podem favorecer a produtividade laboral.

O conjunto de sugestões “não terá impactos negativos na economia nacional porque as pessoas estarão muito mais satisfeitas e alegres com o que fazem a nível extraprofissional, e quando é assim a vertente laboral é salvaguardada, dado que trabalham com melhor disposição”, disse João Teixeira à Agência ECCLESIA.

O documento, entregue em mão nos ministérios da Educação e da Solidariedade e na Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude, acompanhado pelo pedido de audiência aos titulares governamentais, incide sobre as férias escolares, nomeadamente Natal, Carnaval e Páscoa, que para os escuteiros “são períodos de excelência”.

O CNE, que em 2013 completa 90 anos em Portugal, pretende que os empregadores facilitem a marcação de férias nessas épocas do ano e pede uma “concertação” no ensino secundário e universitário” para que as pausas escolares destes ciclos de ensino coincidam ao menos parcialmente.

“Muitos dos nossos adultos voluntários tiram dias das suas férias” para acompanhar as atividades educativas dos escuteiros”, explicou João Teixeira, acrescentando que as propostas da “maior organização de juventude de Portugal” visam o “bem de todos, em particular das crianças e jovens, que muitas vezes ficam sozinhos durante o ano”.

Os escuteiros remeteram também o documento a organizações patronais e sindicais, bem como a associações inscritas na Confederação Portuguesa do Voluntariado e no Conselho Nacional de Juventude, pedindo-lhes que se pronunciassem até 15 de outubro, para que as audiências com o Governo reflitam as sugestões destas entidades.

A agenda solicita igualmente a “agilização dos processos administrativos” para a obtenção do registo criminal, obrigatório para o trabalho com menores, bem como o “acesso eletrónico” a este documento e a eliminação do seu custo, 3.50 euros, para fins destinados ao voluntariado.

“A taxa, considerada individualmente, é irrisória, mas se for assumida pela instituição de voluntariado pode ter alguma repercussão nas suas economias”, sustentou o dirigente, que também está preocupado com a “legislação impeditiva” de atividades específicas do escutismo como acampar e foguear.

João Teixeira considera que “o Estado não trata tão bem o voluntariado como precisa” e sublinha que “devia ter em conta o real impacto económico e social das entidades que o promovem”: “Se em alguns casos os voluntários decidissem parar 24 horas, o aparelho de Estado teria uma convulsão grave”.

No Ano Europeu do Voluntariado o responsável sugere que no futuro deveria ser equacionada a possibilidade de conceder “alguma preferência” na “procura de emprego” e na “valorização dos currículos educativos” a quem está envolvido em atividades de “compromisso social e comunitário”.

Depois de frisar que os voluntários não estão motivados para adquirir vantagens pessoais, “e até muitas vezes pagam para o ser”, João Teixeira concluiu: “Há 90 anos que para nós todos os anos são de voluntariado”.

RJM

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