Vocações: Portugal marcou presença num encontro de responsáveis europeus em Roma

Iniciativa destacou mobilização gerada pelo Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens que «não pode ficar sem respostas nem propostas»

Lisboa, 12 jun 2019 (Ecclesia) – A cidade de Roma acolheu um encontro do Serviço Europeu das Vocações (SEV), estrutura ligada ao Conselho das Conferências Episcopais da Europa, que teve em destaque a análise ao recente Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens.

De acordo com um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o evento contou com a participação de vários bispos que estiveram como delegados no referido Sínodo, num total de 22 comitivas de diferentes nações europeias

Portugal esteve representado no SEV através do presidente da Comissão Episcopal para as Vocações e Ministérios, D. António Augusto Azevedo, do secretário do mesmo organismo, padre José Alfredo, e do prefeito do Seminário do Bom Pastor, da Diocese do Porto, padre Vasco Soeiro.

Realce também para a presença do padre português Duarte da Cunha, que durante vários anos foi secretário do CCEE.

Na reunião do SEV, que decorreu no Pontifício Colégio Espanhol, em Roma, foi sublinhada a necessidade de potenciar o envolvimento juvenil que marcou o Sínodo dos Bispos em outubro de 2018..

O bispo islandês David Tancer, que representou a Igreja Católica nos países nórdicos, lembrou os cerca de “500 mil jovens que responderam ao questionário inicial do Sínodo”, e que assim contribuíram para o desenvolvimento dos trabalhos.

Para aquele responsável, uma mobilização desta magnitude “não pode ficar sem respostas nem propostas”.

O Documento Final do Sínodo e a exortação apostólica ‘Cristo Vive’, que o Papa Francisco dedicou a essa assembleia magna dos Bispos, também estiveram em cima da mesa, através de uma reflexão de D. Donal McKeown, bispo de Derry, na Irlanda.

Estes dois documentos são encarados como uma espécie de “roadmap”, como um itinerário que permitirá à Igreja Católica “planear e comunicar” os “próximos passos a dar” neste setor.

Para já, “há que aprender a ouvir os jovens”, sublinharam os participantes do SEV.

No alinhamento dos trabalhos do encontro do Serviço Europeu das Vocações esteve também a busca de novas formas de abordagem à pastoral vocacional,

Foto: D. António Augusto Azevedo (ao centro) liderou comitiva portuguesa no encontro do Serviço Europeu das Vocações

Para o Secretário para os Seminários da Congregação para o Clero, da Santa Sé, o arcebispo mexicano Patrón Wong, “o maior contributo que a Igreja pode trazer à Europa é a ideia de pessoa, o sentido de pertença a uma comunidade”.

“A vocação cristã é uma abertura à vida que se traduz no serviço a todos”, apontou aquele responsável, que citou uma mensagem do Papa Francisco aos bispo europeus.

No encerramento dos trabalhos, o presidente do SEV, D. Óscar Cantoni, lembrou que todos os participantes partilham “a mesma cultura vocacional” e enfrentam os mesmos “desafios pastorais”, mas frisou que “Deus não deixará de chamar Operários para a sua amada Igreja”.

“Esse será sempre o grande alicerce para a fé de quem trabalha no campo das vocações”, encorajou o bispo italiano, atualmente ao serviço da Diocese de Como.

O próximo encontro do SEV está marcado para outubro de 2020, na Polónia, e contará também com a presença dos responsáveis da juventude e do ensino superior.

O encontro do SEV incluiu uma audiência dos participante com o Papa Francisco, que salientou que a pastoral vocacional deve ser regida por uma lógica de “atração” e não de “proselitismo” e que buscar novas vocações não é o mesmo que “procurar novos membros para um clube”.

“Para chegarmos ao coração deles é preciso, antes de mais nada, falar uma língua que eles compreendam”, apontou o Papa argentino, que considerou a questão do diálogo com as novas gerações como um dos maiores desafios da Igreja Católica, numa época marcada pela explosão das novas tecnologias de comunicação, que retiram espaço à relação pessoal, cara a cara, “coração a coração”, como também já chegou a referir.

“Hoje os jovens estão em movimento e devemos trabalhar com eles em movimento e tentar ajudá-los a encontrar a sua vocação de vida. Isto cansa… Temos de nos mexer! Não podemos trabalhar as vocações sem nos cansarmos”, apontou Francisco, que deixou três atitudes essenciais para trabalhar este setor no chamado Velho Continente.

A santidade, sinónimo de uma vida que “produziu frutos”, a comunhão, porque toda e qualquer pastoral implica fazer “caminho em conjunto” e a vocação, que muitas vezes parece estar “excluída do vocabulário da fé” porque parece implicar uma perda da liberdade, quando “Deus, pelo contrário, incentiva cada um à liberdade”.

JCP

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Agência ECCLESIA

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